Sim, eu sei o quanto de tempo faz que não
posto nada. Mas aproveitei uns minutos sobrando para contar-lhes um pouco sobre
mim, o que talvez os faça compreender tanta ausência.
" Ser escritora em um país sem uma cultura
literária popular é muito complicado, além do fato de ser inexperiente, o que
piora mais ainda a situação. Nos últimos meses tenho me dividido entre estudos
e sonhos literários. Infelizmente, esse último acabou ficando de lado e isso é
massacrante para mim. As poucas coisas as quais escrevi durante o ano serviram
mais de válvula de escape do que inspiração. Já fui negada várias vezes, sinto
que de nada valem meus escritos. Não que eu me ache o novo prodígio da
literatura nem nada, eu apenas queria ser lida, afinal, acho que esse é o maior
sonho de qualquer escritor, não é?
E é então que começo a questionar as
razões da minha escrita. Escrevo pra viver ou vivo pra escrever? Não, na
verdade nem um dos dois, escrevo para sobreviver. As palavras são como águas
correntes em um rio profundo e abarrotado de surpresas em seu fundo, tão fundo
que nem mil escadas alcançam seu solo lodoso. Haveria um solo? Essas águas
levam folhas e toda sujeira que se acumula impossibilitando a passagem de luz.
Porque essas negras águas precisam de luz? Mesmo que a luz pouco ajude aos seus
observadores, ela ajuda ao próprio rio e seu ecossistema. Como poderia se autogerir
sem fazer fotossíntese? Como viver sem luz?
A alma é algo sóbrio e indefinível. Se
perdermos nosso tempo explicando-a, nos esqueceremos de explorá-la e se
maravilhar com suas belezas. Não importa o tempo que passe, o ser humano
continuará sendo curioso e essa característica tão intrínseca é tão charmosa
como o badalar do relógio a meia noite. E essa é a maior maravilha de viver,
nada como um dia após o outro, todo dia é dia de aprender, dia de amar, dia de
questionar, conhecer e renascer!
Porque tantos rodeios em torno de uma
volta infinita? Pois as metáforas e outros badulaques da escrita que eu nem sei
dizer são as minhas joias preciosas. Mesmo que ninguém me entenda, nem eu
mesma, ao menos as palavras entenderão. Elas estão lá, para sempre, no simples
ato de existir."
Giovana de Carvalho Florencio
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