Não, eu não vou criar um filho para mim mesma. E não, eu não vou criar um filho para o mundo. Não? Mas ué, você é doida! Vai criar um filho para quem então?
Não sou mentirosa ao ponto de dizer que
não vou criar um filho para mim mesma, porque querendo ou não, você ama aquela
criaturinha, ela tem um pouquinho de você. Você olha, ela te reflete, então de
certa forma vai querer protegê-la para ter um pouquinho para você.
Não sou mentirosa ao ponto de dizer que
vou criar meu filho totalmente par ao mundo. Sabe, se eu quisesse um filho que
não fosse nadinha meu ou nem um pouquinho para mim era melhor nem tê-lo.
Mas para mim não. É claro que ele tem que
ele tem que saber conviver em sociedade e ser bem ser humano. E é por isso que
ele precisa ser um pouquinho do mundo.
Mas na verdade, eu quero um filho que seja
criado para ele mesmo. Pra ele se autodescobrir, se olhar no espelho e ter uma
identidade, fazer a diferença no mundo, mas que ao mesmo tempo ele pegue as
características boas minhas. E que ele reflita minhas características e escolha
as que ele quer ou não quer. Que saiba dar carinho e saiba amar seus pais, pois
assim ele vai aprender sobre o amor verdadeiro. Eu quero também que ele seja
meu amigo, mas também quero que ele saiba olhar para o mundo e refletir,
escolher entre o bom e o mau. Saber escolher a melhor caminha a seguir, saber
analisar, criticar, ser ser
humano, mas acima de tudo: ter humanidade. Eu quero um indivíduo que tenha
autoconhecimento, saiba o que é e tenha as próprias escolhas.
Quero um ser humano que um dia vá andar de
bicicleta e eu lhe aconselhe a não fazer algo e lhe diga: "Escolha, você
pode fazer isso, eu não vou te proibir. Mas espero e desejo que você não faça,
pois eu te amo, porque se fizer, pode se machucar. Mas você tem direito de
fazer!"
E se ele fizer e vier a cair, vou lhe
explicar porque aquilo não lhe faz bem. Porém se ele me obedecer, vou saber que
ele me ama (assim como me ama se desobedecer, apesar de ser teimoso) e que
acreditou nas minhas palavras. E poderá aprender sem ter de sofrer, e se for
preciso sofrer, aprenderá por si só. Mas se ele me desobedecer e não acontecer
nada? Direi-lhe que foi um jogo de sorte, e se algo vier a acontecer
quero que ele saiba que lhe avisei desde o princípio. Isso ser jogar na cara,
apenas deixando sua consciência rodopiar.
Não é uma palavra dura de ser ouvida ou dita,
porém às vezes é necessária. Outras vezes será preciso dizer sim, quando ele
for embora, para longe de debaixo de suas asas. "Sim, meu filho, vá! Siga
seu caminho!"
Porque a gente não cria um filho apenas,
criamos seres humanos. Seres que precisam de humanidade, amor, discernimento
acima de tudo. Um ser humano que não seja movido apenas por impulsos ou
reações, mas que reflita e quando tratar-se de um impulso, saberá que aquilo
que ele fez é o que colherá. E o que ele for é simplesmente o que é!
Giovana de Carvalho Florencio
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