Opinião: O filme é um pacote
completo de alta qualidade: cenários curiosos que nos transportam para dentro da
história, uma trilha sonora muito agradável, um excelente ator(protagonista),
uma fotografia atrativa e uma direção intrigante. Boa parte do interesse gerado
pelo espectador em relação ao filme é devido às intercalações de cenas,
flashbacks e narrações tanto de Alex (perdoem-me pela intimidade, mas é como
vou chamá-lo) quanto de sua irmã. Essa por sua vez funciona também como uma válvula
de escape para o espectador, já que parece tão curiosa e confusa quanto nós,
mas conhece seu irmão bem o bastante para achar razão em seus atos.
No decorrer do longa, vemos alguns fatos da vida pessoal do
protagonista que dão significado as suas atitudes. Criado em uma família de
classe média alta, fruto de um casamento falido e de uma criação suprida mais
por bens materiais do que por carinho, o jovem tem raiva das imposições sociais.
E é repleto desse sentimento de inadequação com o mundo e sede por aventura que
ele larga tudo após sua formatura e se liberta do fardo que é corresponder as
expectativas da sociedade.
Durante sua caminhada como andarilho pelo interior dos Estados
Unidos, Alex envia algumas cartas a sua irmã contando sobre sua nova vida e
registra algumas experiências em contracapas de livros. Falando de livros, o
jovem era amante das leituras e se baseia nelas para seu novo estilo de vida.
Entre amigos hippies, trabalho no campo quando necessário, caçadas
e dias solitários, Alex demonstra sua raiva contra a superficialidade do mundo
moderno, e não necessariamente contra as pessoas ou coisas propriamente ditas.
Como é retratado em um momento no filme, ele tinha planos de voltar e contar
suas experiências para essa "sociedade doente". E assim será até o
seu "capítulo final": a conquista da sabedoria, que a meu ver seria a
descoberta do amor.
Como uma divisão de
livro, a vida de Alex Supertramp na natureza começa no capítulo da liberdade,
maturidade até seu triste adeus. Um Henry Thoreau¹ moderno? Talvez. Recém-formado
em história e antropologia, Alex largou tudo para correr atrás da sua
plenitude. Alguns podem chamá-lo de fútil, egoísta e imaturo, mas ninguém
pode negar que o garoto pôs em prática tudo o que muitas vezes desejamos, mas
não fazemos (seguir nossa consciência). Maluco? Um pouco. Porém, um pouco de
loucura e coragem não é necessário para fazer as coisas acontecerem?
*Christopher Johnson McCandless (Alex
Supertramp) (El Segundo, 12 de fevereiro de 1968 — Stampede
Trail, 18 de agosto de 1992)
foi um viajante americano que morreu perto do Parque Nacional
Denali depois de caminhar sozinho na selva alasquiana com pouca
comida e equipamento. O jornalista Jon Krakauer escreveu
um livro sobre a sua vida, Into the Wild,
publicado em 1996, que foi adaptado em filme, em 2007, dirigido por Sean
Penn, Into the Wild, com Emile
Hirsch como Christopher McCandless.
¹Henry David Thoreau (Concord, 12 de julho de 1817 —
Concord, 6 de maio de 1862) foi
um autor estadunidense, poeta, naturalista,
ativista anti-impostos, crítico da ideia de desenvolvimento, pesquisador, historiador, filósofo e
transcendentalista. Ele é mais conhecido por seu livro Walden,
uma reflexão sobre a vida simples cercada pela natureza, e por seu ensaio Desobediência
Civil uma defesa da desobediência civil individual como forma
de oposição legítima frente a um estado injusto
“Happiness is only real when shared” Christopher McCandless
(A Felicidade só é real quando compartilhada)
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