Nós tínhamos
também outras coisas em comum, quando jovens fomos podadas. Não só podadas,
como dizia o jequitibá- um velho amigo- fomos cortadas. Por vezes, apareciam
para cortar as pontinhas dos galhos, diziam que ajudava a crescer. Eu acho que
funcionava, porque toda vez que isso acontecia, meus braços cresciam mais e
mais. Só que houve vezes também que não cortaram apenas as pontinhas. Certo dia
acordei com os gritos desesperado de minha cara amiga, o machado havia lhe
roubado um galho, este nunca mais cresceu. Certas coisas se "podadas"
na base tendem a nunca mais se desenvolver.
Tudo bem, eu disse
pra mim mesma depois da perda, temos outros galhos. Mas a sequoia foi ficando
fraca e até chegou a secar, quase pensei que ela iria nos deixar. Se não fosse
aquela chuva que caiu lavando tudo e levando tudo... Às vezes eu gosto de
chuva, ela parece que carrega muitas coisas que nos atrapalham, como o lixo que
deixam ao nosso lado, já fui contaminada por ele uma ou duas vezes. Só que isso
agora não me importa mais, na verdade, quase nada importa mais...
Depois do alimento
para nossas raízes que tinha sido a chuva, estávamos mais empolgadas. O Natal
até se aproximava, e com ele todas as decorações festivas que tanto me
iluminavam os olhos. Quem sabe até não podassem alguns galhos e folhas para nos
dar um belo formato. A ideia de tempos melhores me trazia esperança como não
acontecia em muito tempo. Isto é, até o dia em que numa manhã nublada, ele
chegou com a serra elétrica. Pensei que seria meu fim, juro que pensei, mas
quando assisti a terrível cena me senti mil vezes pior. Era minha amiga sequoia
que se iria dessa vez, eu nem sei direito o porquê. Só sei que depois ela já
havia sido retirada, morta, estava morta, nunca mais cresceria..."
Giovana de Carvalho Florencio
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