Os porquês sempre vinham, mas
nunca com respostas. Afinal, quem é que responderia a suas perguntas, ou melhor
sua ausência de perguntas. Não havia o que perguntar, porque ela não queria
mais pensar. Pensar dói às vezes, não é mesmo? Pois é, não há muito o que fazer
quanto a isso. Mas pensar pode ser muito bom também, é nos momentos de mais
profundos pensamentos que temos nossas grandes iluminações.
Mas deixando a parte minha
filosofia de botequim, voltemos à história. Ela sentia tudo se esvaindo,
alegria, animo razões e até o amor. Não havia quase nada mais nesse buraco que
era o coração. Um vazio imenso e insondável, que nem ela conseguia entender.
Depois que ela entrara nesse buraco negro era como se nada mais importasse,
estava perdida dentro de si.
Chegava à escola, voltava, fazia
suas obrigações, deixando as suas paixões e antigas alegrias de lado, já era
doloroso e moroso demais fazer o que era preciso, quem diria o resto. Cada dia
era uma luta constante contra si mesma. Olhava para o espelho e mal sabia quem
era. Havia momentos em que só queria ser viver, mas outros... Bem, digamos que
por vezes a morte lhe era bastante convidativa.
As pessoas ao seu redor percebiam
que algo estava diferente, porém, não devia ser nada de mais, pensavam
elas. Ou ainda, o que fazer?- os que
sabiam o que se passava. É sempre complicado lidar com a dor dos outros, afinal
lidar com a nossa já é complexo, agora com a de quem se ama... Uma amálgama-
vulgo mistura- de preocupações ia se formando: Até onde aquilo ia levar? Iria
passar? O que fazer? Como ajudar?
Seus pais se preocupavam é claro,
mas como pais pensavam- queriam acreditar- que era só adolescência. Até porque,
pais sempre querem pensar o melhor, não é mesmo? E sim, ela fazia o possível
para esconder.
E foi isso mesmo que ela começou
a fazer, se esconder de si mesma. Ferindo a si mesma, bebendo, se isolando em
uma bolha, aonde nada e ninguém poderia lhe atingir. Mas ela sabia que isso era
ilusão. E sabe o que doía mais? O fato dela não saber mais o que fazer.
Foi então que naquele dia ela
recebeu aquele texto para ler. Parece bobeira pensar que algo que lemos pode
nos atingir tanto, mas algumas vezes atinge. Ela sentou em sua cama e chorou
baixinho. Queria quebrar as paredes e barreiras que formara dentro de si, mas
por onde começar?
Quando já estava de alma quase
lavada teve uma brilhante ideia. Escreveu em um papel tudo aquilo que mais lhe
afligia, desde bem pequena até então. Descontou suas dores e raivas naquele
papel. Depois amassou bem e jogou na privada, esse era o lugar delas, no
esgoto.
Sentou em sua cama e pensou “O
choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã”. Bem, não sabia bem
como isso funcionava, seria literalmente? Então apenas desejou que isso
acontecesse. Começava então a ver a luz.
Sabe, Alice caiu na Toca do
Coelho escura e que parecia sem fim, mas foi assim que chegou ao País das
Maravilhas. E bem, lembrando um pouco de física, o buraco negro engole tudo que
vê, mas então nos leva para outra dimensão. Isto é, de acordo a teoria de nosso querido
Hawking, o buraco negro pode ser uma passagem para outro universo. Pois é, talvez buracos
negros tenham sua necessidade.
Talvez, na verdade, com certeza,
Melissa tem sua necessidade. E ela sabe disso, sabe que a alegria virá no
amanhã e que ela não deve se abater. Se ela se abstiver de suas pequenas
alegrias, de sua dança, de seu jeito alegre de ser ela se perderá. E por mais
que altos e baixos venham, ela sabe como é linda por dentro e por fora. E foi
assim que uma estrela renasceu."
Giovana de Carvalho Florencio
O "Setembro Amarelo" já findou, mas a prevenção contra o suicídio precisa continuar o ano todo. É importante lembrar que a depressão está entre as principais causas deste. Pensado nisso escrevi esse conto contendo alguns sintomas bem claros dessa doença. Portanto, se você tem passado por alguma situação do tipo ou conhece alguém que passa, busque ajuda. Não tente enfrentar tudo sozinho. Assim como Melissa conseguiu, outras pessoas podem conseguir superar esse desafio que aflinge a tantas pessoas. A depressão é aquela doença que vai matando por dentro até que não sobra mais nada- ou como no conto, sobra apenas um buraco negro. Mas saiba, é possível superá-la, por isso é tão importante contar com a ajuda de um profissional da área e também de amigos e familiares. É válido lembrar que não apenas a depressão pode levar ao suicídio, mas outros problemas de ordem familiar, profissional e psicológica em geral. Para quem lida com alguém muito querido passando por isso, é de extrema importância saber ouvir e não julgar. Tudo que quem está passando por essa situação precisa é se sentir amado e compreendido. Se você está passando por algo do tipo. lembre-se: Você não está sozinho! Espero sinceramente que esse texto possa ajudar alguém!
Vídeo de um curta muito interessante sobre o tema: https://www.youtube.com/watch?v=3AYBeLj2o1M
Links interessantes:
http://oficinadepsicologia.com/depressao/suicidio
http://www.setembroamarelo.org.br/
Se precisar de ajuda, conte com o apoio da CVV( Criadora do Setembro Amarelo):
Ligue 141 ou acesse www.cvv.org.br
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