segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Como publicar um livro independente?

Entre erros e acertos posso dizer que finalmente aprendi sobre como publicar um livro de forma independente. E hoje venho aqui contar do porque fiz essa escolha e o que aprendi nesse caminhar.
1) Porque resolvi publicar de forma independente?
Uma das razões que me levou a optar pela publicação independente é que andava muito insatisfeita com o mercado editorial. Há alguns anos observo uma restrição cada vez mais em relação aos autores iniciantes no Brasil, a publicação patrocinada praticamente se restringe aos que já são populares ou artista. Agora, as editoras médias e menores exigem uma contraprestação mínima inicial que nem sempre agrada o bolso, podendo ser arriscada e com contratos pouco flexíveis. Eu sinceramente respeito o trabalho das editoras, mas atualmente não se enquadrava no meu objetivo final.

2) Passo a passo para publicação independente:
TENHA SEU LIVRO FINALIZADO
Feito é melhor do que perfeito! Um dos melhores conselhos que ouvi na vida, finalize o livro e mande bala no resto. Não, você nunca vai ficar totalmente satisfeito.

FAÇA UMA CORREÇÃO GRAMATICAL, PAGUE UM PROFISSIONAL DE PREFERENCIA
Corrija, corrija, uma, duas, dez vezes se for preciso, e acredite, mesmo depois de tudo isso, você vai achar mais erros! Pague um profissional para te orientar e fazer indicações técnicas, se esse é seu primeiro livro, aceite que você está longe de dominar a língua portuguesa e estrutura literária.

REGISTRE NA EDA E ISBN
Que raios é EDA? Calma, é só o Escritório de Direitos Autorais da Biblioteca Nacional! Não é obrigatório ter o registro para publicar o livro, mas é uma segurança, um documento sério para caso em um remoto caso te roubem a obra. Custa apenas 20 reais, a remessa no correio, a impressão e paciência. O passo a passo pode ser encontrado no site: https://www.bn.gov.br/servicos/direitos-autorais.
E o ISBN é essencial? Sim, caso queira vender comercialmente o livro é essencial, para escritores independentes vai sair mais caro, porque precisará fazer um cadastro editoral (restrito a 30 obras), e taxa sobre a criação de código de barras ou itens que queira que eles façam. O código é como o CPF do livro, só que de valor internacional. Site: http://www.isbn.bn.br/website/conteudo/pagina=6

DIAGRAMAÇÃO
Resultado de imagem para bok2 modelo ficha catalográficaÉ, o trabalho pós escrita é bem mais trabalhoso do que espera, né? Eu entendo plenamente, mas acredite, é o que faz um livro ser um livro. Você precisará estudar a estrutura de livros fazendo comparações e aprender um pouco de word, porém, eu garanto que no fim é muito satisfatório.
Ah, caso queira vender seu livro em sites na internet, não se esqueça de fazer a ficha catalográfica (que é como o perfil literário da obra), você pode pagar para a ISBN fazer ou aprender sozinho no site da UNB (o qual utilizei).

FAÇA SUA CAPA - SIM, PAGUE UM DESIGNER
Entendo como seja tentador utilizar um Canva e economizar um dinheiro, contudo, acredite em mim, a qualidade da capa agrega muito valor a obra. Quantos não compram o livro pela capa? Pague um designer, de preferência que tenha feito outras capas antes.

CRIE UM MARCA-PÁGINA
Hoje em dia existem inúmeras gráficas que fazem marca-páginas super em conta (como a Esquenezi), pode optar por fazer a arte ou pagar para um profissional. O marca-página é um excelente presentinho e agrega valor ao livro.

REVISE DE NOVO- DE PREFERÊNCIA APÓS LEITURA DO LEITOR BETA
Antes da publicação definitiva de o livro para um leitor beta avaliar. Quem o leitor beta? Sabe aquele seu amigo que é ávido leitor, ou aquele conhecido que lê 10 livros por mês (não precisa ser tanto), esse mesmo! Ele te dará uma visão realista da obra, e te prepara para o feedback dos leitores.

FAÇA UM BONECO E ORÇAMENTOS
Prepare seu livro, revise, salve em PDF, e faça orçamentos. Orçamentos e mais orçamentos até saber o que realmente vale a pena.

FAÇA UMA REMESSA DE ACORDO COM SUA DEMANDA
Não ache que vai vender 100 exemplares em um mês, não se endivide por causa disso. Sabe, não vender de cara não significa que você não tem talento, apenas que ainda é um desconhecido, e quem era Beethoven ou Van Gogh quando jovem?

VENDA NO MARKETPLACE
Recomendo altamente para escritores independentes que se cadastrem em plataformas digitais que vendem por demanda, te torna livre para vender no Brasil todo e sem preocupações.

NÃO SURTE! OU SURTE UM POUCO!
Apesar de saber que tudo transcorreu normal, surtei, e ainda estou tensa com tudo isso, afinal, é um lance de fé. Mas tudo bem, vai ficar tudo bem.



sábado, 17 de agosto de 2019

Sobre a Hiper-Sexualização Social


Esse provavelmente é um dos textos mais polêmicos, ou diverso eu diria, que eu já postei nesse blog. Porém, devido à algumas observações que tive nos últimos tempos, alguns até de cunho social, senti a necessidade de trazê-lo a tona. Portanto, começo nosso texto já questionando, você é um ser sexual? O que isso significa?
Não sei quantos de vocês se deram conta, mas o sexo é além de assunto controverso, muito falado.  Onde quer que vá, sempre rola uma piadinha de cunho sexual, e os filmes e as músicas estão inundados de referências. E no caso, se você não se sentir confortável com isso, todo mundo tende a pensar: Hmm... Mal amado...
Porque vamos ser bem realistas, todos já ouvimos aquela brincadeira básica de: é falta de... Ora ora, meu caro, o ser humano, via de regra, é um ser sexual, mas isso não significa nem poderia resumir tudo o que somos e como estamos. Porém, as vezes me questiono se essa hiper-sexualização não significa exatamente uma obrigação. Por vezes penso até que a limitação sexual que preponderou até meados do século XX, transformou-se em liberdade para se subverter em escravidão, uma nova escravidão.
Como esse texto é subjetivo, peço licença para dar minha opinião pura e plena pessoal. Quando entrei na bendita fase chamada puberdade, percebi o nascer das conversar sobre beijo, namoro, ficantes e afins, tudo isto entre pré-adolescentes. Isto é, não que já na infância os adultos não nos perguntassem sobre os namoradinhos e etc, mas acho que não levávamos muito a sério.
Mal me dei conta quando o sexo já se tornara assunto banal para o mundo ao meu redor, mais do que comum. Sinceramente, nunca me importei em abordar sobre o tema, desde que não incidisse sobre a minha esfera pessoal, por óbvio. Então, foi quando me dei conta como os adolescentes tinham curiosidades e sede por saná-la, pois bem, olhando friamente, é isso que leva a maioria de nós a adentrar nas esferas da sexualidade.
Não vejo problema em que o jovem queira adentrar em tal seara. Apenas não acho saudável que tal entrada seja por pressão social sufocada por estigmas, medos ou influência demasiada externa. Sua sexualidade é valiosa demais para que a use sem fundamento, ouvir dos outros o que deve fazer e como, sem filtrar, o que não me parece apropriado. Para o direito, diria que sexualidade é direito indisponível, intransponível e basilar do ser humano.
No mais, tenho minhas próprias considerações sobre pornografia ou dos limites da sexualidade na arte. Porém de fato, não posso esconder a banalização da sexualidade. Sexo: tão controverso, ou algo casto enclausurado em uma bolha e exaltado, ou visto como a salvação dos males do mundo ou ainda como esporte recreativo vendido em revistas e vomitado em indiretas diárias.
Portanto, esse texto de cunho não moralizador, e sim conscientizador, trás o conceito artístico de sexo, como natural. Assim como artista pinta o nu, como o poeta escreve o amor em forma de poesia, sexo não pode ser apenas mais um tabu, nem sexualidade ser apenas teoria. Piada é ser massa de manobra do que impõe a sociedade. Sexualidade não é objeto de normas, mas cada um tem a sua, até o direito de não colocá-la em termos. Se for preciso criar termos como assexualidade, por exemplo, para mostrar e expressar o que se é, que seja. Cada um se sente melhor do eu jeito, e se não te incomoda na razão, para de preocupar quem, como, se, e porque tem ou não desejo. Escolha seu melhor caminho, mas principalmente, use a consciência, respeite seu tempo e contexto.

sexta-feira, 21 de junho de 2019

Privilégio - O que aprendi no Leia Mulheres

Desde o começo do ano comecei a participar de um grupo de leitura chamado de "Leia mulheres", neste lemos livros de vários gêneros e formais, escritos especialmente por mulheres. O projeto caiu como uma luva para mim, afinal meu objetivo esse ano não é ler muitos e muitos livros, mas diversificar minha leitura e dar espaço para as obras femininas. O desejo surgiu quando após ler uma postagem de outro blog parei para analisar minha estante de livros e percebi que majoritariamente eram escritos por homens.
Resultado de imagem para kindred laços de sangue
Nesses últimos meses participando do grupo pude ler diversos livros, desde ficção científica até romance "chick lit", os quais nunca pensava que leria. No último mês em especial lemos a obra "Kindred- Laços de Sangue", na qual observamos de forma latente a desigualdade racial e sexual. A história conta sobre Dana, uma mulher negra, que vive na década de 60 nos Estados Unidos e se vê misteriosamente em uma viagem no tempo para reencontrar seus ancestrais.
O principal da história é o choque de realidade, a protagonista como uma mulher negra no passado sofre grandes dificuldades e começa a compreender como os negros permitiam a subjugação. Na verdade, eles não tinham poder para bater de frente, nem contradizer a sociedade. Octavia E. Butler demonstra no livro que tudo é uma questão de luta de poder, e muito, sobre privilégio.
Resultado de imagem para a mão esquerda da escuridãoO mais curioso é que a situação de privilégio encontra-se presente em outras obras, podendo ser visualizada pela dicotomia sexual, como no livro "A mão esquerda da escuridão". A obra também de ficção científica me impactou por trazer a realidade de um planeta em que os gêneros e sexos eram equiparados, por todos serem assexuados, exceto em período específico do ano. O choque de realidade e a literatura feminina vem para mostrar as desigualdades sociais, e que o feminismo não é "mimimi", mas sim, uma importante reflexão a ser feita. A igualdade de gênero e os privilégios intrínsecos socialmente precisam ser discutidos. 
Gostou da ideia, quer conhecer, procure no Instragram Leia mulheres, cada estado possui seu próprio grupo. Conheça, leia, e principalmente, ajude a quebrar privilégios meramente físicos.

sexta-feira, 19 de abril de 2019

A felicidade mora em você

Durante alguns anos quando era mais nova me sentia inconformada correndo atrás da felicidade. Você já se sentiu assim? No meu caso, eu tentava entender o que era a felicidade e sua importância em nossas vidas, fazendo pesquisas e lendo várias perspectivas. E imagine só, encontrei um punhado de respostas, inúmeros filósofos e teóricos apresentaram seu próprio ponto de vista. No entanto, nenhum deles parecia chegar de verdade ao cerne da questão.
Epicuro, um dos primeiros filósofos relatados a tratar da situação, apresenta a felicidade como algo a se conquistar, por meio de amigos, moderação dos prazeres e ausência de dor. Ora, acho um tanto quanto difícil afirmar que a felicidade provém da ausência de dor, uma vez que a dor faz parte do nosso dia a dia, e fugir dela seria como fugir da vida.
Ainda, encontrei quem dissesse que a felicidade estaria em um grande amor, ou em grandes amizades, mas me dei conta de que era contraproducente esperar que o outro te fizesse feliz. Hoje após anos, escutei de alguém quem muito amo uma frase que muito me fez refletir: "Amor é sobre compartilhar. Divida suas dores e alegrias comigo que te ajudarei a tornar o fardo mais leve". De fato, soube que o amor conspira a favor da felicidade, só que ele não é a chave para alcançá-la...
Também tentei encontrá-la em ações sociais, de fé ou de carreira, parecia tão nobre e agradável que ela deveria estar lá. Porém, infelizmente percebi que não bastava estar nos lugares e fazer atos louváveis, pelo menos de nada adiantava isso se não estivesse bem emocionalmente. 
E por fim, depois de tudo isso, cansada de procurar, sentei e comecei a ler um livro chamado "O Pequeno Príncipe". Depois que terminei de lê-lo com lágrimas nos olhos, entendi duas grandes lições, nós somos responsáveis pelo que cativamos, e daí vem o valor de servir, amar, e cuidar. Mas principalmente, percebi que o essencial é invisível aos olhos. Aquilo que está dentro de nós, o que somos, o que sonhamos, nossos propósitos e nossos valor compõe o que temos de mais precioso, e quando entendemos e amamos quem somos não precisamos de muito mais. A felicidade não mora ao lado, ela mora em você.

domingo, 31 de março de 2019

A Pessoa Perfeita

Ela era perfeita, uma das pessoas mais inteligentes que conhecia
Era aquela pessoa admirável, de deixar o queixo cair
Quado pensava na pessoa que deseja, sabia quem era
Alguém de quem não iria discordar em nada

Nós basicamente não brigaríamos, pois éramos ideais
Alguém que não me desagradasse, nem eu irritasse
Sem dúvidas, diferenças grandes ou nada dificultoso
Ah, o amor seria muito fácil e pleno

Bem, como seria a pessoa perfeita, não é mesmo?
Uma  pena que a verdade é que ela não existe
Ou melhor, existe sim, sou eu mesma
A pessoa com quem concordo sobre tudo

Oh, estive a me buscar e nunca me achei?
Na verdade é pior, estive a procurar o que sempre tive
Nós dois sempre fomos um, eu sempre me fui
Entendendo pude enfim aprender a amar o imperfeito

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Lady Bird

Lady Bird - A Hora de Voar : Poster
Data de lançamento: 15 de fevereiro de 2018 
Duração: 1h 35min
Direção: Greta Gerwig
Gêneros: Drama, Comédia
Nacionalidade: EUA

Sinopse: Christine McPherson (Saoirse Ronan) está no último ano do ensino médio e o que mais deseja é ir fazer faculdade longe de Sacramento, Califórnia, ideia firmemente rejeitada por sua mãe (Laurie Metcalf). Lady Bird, como a garota de forte personalidade exige ser chamada, não se dá por vencida e leva o plano de ir embora adiante mesmo assim. Enquanto sua hora não chega, no entanto, ela se divide entre as obrigações estudantis no colégio católico, o primeiro namoro, típicos rituais de passagem para a vida adulta e inúmeros desentendimentos com a progenitora.

Opinião: Lady Bird é um filme diferente, inegavelmente curioso e divertido, e principalmente, é um filme sobre a natureza do ser humano. Não vou negar, não achei o impacto do filme tão grande quanto poderia ser e particularmente acredito que outros do gênero são mais marcantes, por exemplo, "Boyhood" ou "Call me by your name". No entanto, não posso mentir, nossa Lady tem seu charme.
Uma moça adolescente no início dos anos  passa pela fase de descobertas da vida.  Cercada por tradição, religião e uma mãe 2000 bastante protetora ela quer ser dona de si mesma. Se auto intitula Lady Bird, nome próprio, literalmente próprio. Encontra-se meio a dúvidas acerca do futuro, afinal, para qual Universidade ir? O que é o amor? O que é o prazer? Como é ser o centro das atenções, ao menos um pouco?
A atriz Saoirse Ronan consegue trazer leveza e credibilidade para a personagem, o que basicamente é um dos fatores principais para o sucesso da trama. A personagem da mãe é tátil e verossímil, alguém compreensível e por quem sentimos empatia. Infelizmente, apesar da boa direção e protagonistas fortes os outros personagens não marcam bastante para serem relembrados, visão de quem viu o filme há alguns meses já e lembrou-se esporadicamente com saudosismo. Mas não, não pense que isso desmerece o filme, o protagonismo da relação filha e  mãe, de fato, se mostra ser o pilar central da obra. 
O longa com seu ar de realismo nos busca para mostrar a natureza do cotidiano e  a vida de uma garota comum. O grande destaque é o próprio realismo da obra e a empatia com o roteiro, talvez pela relação da diretora do longa com sua própria vivência. A trama não tem um grande clímax, mas aposta na naturalidade e singularidade que faz relembrar da adolescência com compreensão e saudade. Se foi por isso a indicação ao Óscar? Sim, com certeza. Nem sempre filmes devem ser sobre guerras, grandes romances ou reviravoltas. Às vezes tratar a vida como ela é pode ser a melhor coisa a se fazer. Aqui se trata apenas de ter Empatia, e é exatamente por isso que o recomendo.

domingo, 20 de janeiro de 2019

Fahrenheit 451 - Ray Bradbury

Imagem relacionada
Ano: 2012
Páginas: 216
Idioma: português
Editora: Biblioteca Azul









Sinopse: Imagine uma época em que os livros configurem uma ameaça ao sistema, uma sociedade onde eles são proibidos. Para exterminá-los, basta chamar os bombeiros - profissionais que outrora se dedicavam à extinção de incêndios, mas que agora são os responsáveis pela manutenção da ordem, queimando publicações e impedindo que o conhecimento se dissemine como praga. Para coroar a alienação em que vive essa nova sociedade, as casas são dotadas de televisores que ocupam paredes inteiras de cômodos, e exibem "famílias" com as quais se pode dialogar, como se estas fossem de fatos reais.Este é o cenário em que vive Guy Montag, bombeiro que atravessa séria crise ideológica. Sua esposa passa o dia entretida com seus "parentes televisivos", enquanto ele trabalha arduamente. Sua vida vazia é transformada quando ele conhece a vizinha Clarisse, uma adolescente que reflete sobre o mundo à sua volta e que o instiga a fazer o mesmo. O sumiço misterioso de Clarisse leva Montag a se rebelar contra a política estabelecida, e ele passa a esconder livros em sua própria casa. Denunciado por sua ousadia, é obrigado a mudar de tática e a buscar aliados na luta pela preservação do pensamento e da memória.
Um clássico de Ray Bradbury, "Fahrenheit 451" é não só uma crítica à repressão política mas também à superficialidade da era da imagem, sintomática do século XX e que ainda parece não esmorecer.

Opinião: Não é de hoje que gosto de distopias. A verdade é que ao ler sobre um possível futuro distópico consigo enxergar melhor a realidade, seja para ver esperança ou os pontos negativos. Foi com esse pensamento que adquiri e conheci a obra Fahrenheit 451, um dos clássicos desse tipo de ficção.
Devo alertá-los desde já que está análise será eminentemente crítica e não focada apenas no enredo e escrita, coisa que a sinopse já fez muito bem. A escrita manteve o suspense necessário, e linearidade precisa, clara e concisa como deveria ser, nada de muito diferente a se enfatizar. O enredo trata de um mundo futuro, é válido lembrar de que foi publicada originalmente em 1953, apesar de não precisar o ano em que se passa  a estória, podemos entender que o presente do livro não é tão diferente do nosso presente. A estória aborda a mudança de percepção de um bombeiro, que queimava livros, para um ávido leitor, e basicamente uma expansão da sua mente e realidade.
Manuel da Costa Pinto, brilhante escritor e crítico brasileiro, apresenta seu ponto de vista no prefácio do livro, o qual indico fortemente ser lido. Logo podemos observar o relato da queima de livros na segunda guerra mundial, como um irônico avanço a queima de pessoas na idade média. O livro é apresentado aqui por sua ambientação similar a atual, com exceção as casas a prova de fogo, o que teria originado o desvirtuamento da profissão dos bombeiros, e da desconsideração da leitura e portanto religião, filosofia, sociologia e literatura,  em face  massificação cultural midiática.
Preocupei-me com a identificação a qual encontrei na obra, diga-se de passagem que não é tão difícil materializar a situação caricata da queima de livros com a falência das livrarias e editoras. A massificação cultural se apresenta fortemente pulsante em toda parte, não há mais que se ler vez que pode-se ler resumos, assistir jornal por vídeo e conversar sobre qualquer bobagem. O interesse de Montag em descobrir o porquê das coisas é coisa de gente peculiar hoje em dia, para que saber o porqu
ê das coisas se podemos apenas tê-las?
Beatty é o personagem o qual faz contraponto com nosso protagonista, chefe dos bombeiros, sabe profundamente acerca dos livros e seus escritores, mas que os considera informações excessivas aos homens. Informação de mais, esse não é o medo de muitos? Não leia Marx, os livros de história corrompem, não leia nada que possa te fazer pensar diferente, não leia nada desse tipo, informação demais pode confundir. Ora se apenas o ato de ler é capaz de mudar pensamentos ele decerto é uma arma, e mais decerto ainda sinal de quem lê e por isso apenas muda é que é fraco de opinião. Será mesmo? Penso que livros são poderosos, porém porque tem suas razões para o serem e creio que todos somos capazes de processar o que lemos. Veja, na história a leitura se tornou apenas mecânica, e quando alguém deseja utilizá-la para pensar, era absurdo, heresia, doutrinação!
Por fim, creio que dois trechos de Ray Bradbury são suficientes para esclarecer sobre o que é a obra, brevemente, eis que cabe a mim transcrevê-los:
-" Nos tempos antes de Cristo, havia uma ave estúpida chamada Fênix que, a cada cem anos, construía uma pira e se consumia em chamas. Deve ter sido prima-irmã do homem. Mas, toda vez que se queimava, ressurgia das cinzas e novamente renascia. E parece que estivemos fazendo e refazendo inúmeras vezes a mesma coisa, só que com uma vantagem que a Fênix nunca teve. Nós sabemos a estupidez que acabamos de cometer."
-" Ficção científica é uma ótima maneira de fingir que você está falando do futuro quando, na realidade, está atacando o passado recente e o presente".