terça-feira, 25 de abril de 2017

Riacho de palavras

Resultado de imagem para quadro riachoBrota do solo, do mais profundo, enche-se pela chuva e inunda o mundo. Livros são como água, fluidos, mas perenes. Eles tem existido há tempos, ainda que sempre diferentes. Livros abrem um mundo novo na nossa mente. Uma vez lido, sua mensagem ficará dormente. Para quem sabe um dia despertar. Como botão de rosa desabrochar. E tornar-se em algo vivo. Este é um tributo ao meus amores, os livros. 
Então me dei conta de que nunca contei a história de como entrei no mundo da literatura. Para começo de conversa quero deixar claro que não sou nenhuma expert em literatura e nenhum Machado de Assis. Apenas, como boa brasileira que sou, gosto de ler e busco entrar nesse mundo literário, e não desisto nunca. Desde meus dez aninhos de idade quando peguei-me emprestando um livro extra da biblioteca e folheando os livros das turmas mais avançadas que soube como aquilo me despertava um estranho prazer.
Peguei-me mais uma vez com meu caderninho de poesia divagando na troca de aulas. A alegria sentida ao ler Pedro Bandeira, Moacyr Scliar e Lygia Bojunga se tornava foco de minha curiosidade e prazer. Como dizia Lispector "Não era uma menina com seu livro, era uma mulher com seu amante". O amor pelos livros preencheu minha vida, tudo que eu queria era ler e tentar entender mais o mundo e a mim mesma. Com Augusto Cury descobri o auto-conhecimento; com Jeff Kinney ('O Diário de um Banana'), a dar risada da vida; com Rick Riordan, história e mitologia; e com Dom Quixote e Pollyanna, a nunca esquecer a alegria de ser criança.
Perdi meu sapatinho na escada dos sonhos, mas os livros cheios de esperança me vieram devolvê-lo. Mordi a maçã envenenada da raiva e dor, porém, os livros me deram beijos verdadeiros de amor. Quando menos se espera lições vem a calhar, de pessoas que um dia viveram algo semelhante, que foram também seres errantes. Mesmo quando tudo parece desconexo, a fé na humanidade e a sensibilidade da leitura nos ajuda a ter empatia e continuar o caminhar. Talvez vá me esquecer do nome dos personagens e de detalhes da história de muitos livros, mas a semente que plantaram sempre estará lá.
Para bem ou para mal, a leitura é uma pintura em palavras, abordando Contos de Fadas e da vida amarguras. Quando a tristeza for tudo o que sobrar, quando Policarpo Quaresma for fuzilado, sobrará vermes para roerem sua fria carne e histórias para contar ao pé de seu epitáfio. Quando as noites na taverna forem tão embriagantes que mais nada pareça lúcido, fique calmo, chegará A Hora da Estrela... E no fim das contas, muito amor e esperança.

quarta-feira, 12 de abril de 2017

“Pra bom entendedor, meia palavra basta”

"Estava ao som de Cálice na voz de Chico Buarque e Milton Nascimento quando pensei nesse ditado popular. A música sob suas interpretações é clara e direta. Tão direta quanto mortes causadas por balas perdidas, você sabe que alguém foi atingido e que alguém disparou, mas não sabe quem apertou o gatilho nem onde, é o que está além do que se pode ver. Perdoe-me por não saber lidar com sentimentos ( e pela minha analogia mal feita), pelo menos não como a sociedade gostaria, mas tudo bem, não sou um robô. Lembro-me de chorar um bocado de vezes assistindo filmes de robôs, aquilo de não ter sentimento me deixava tão triste, mas tão triste que não aguentava. Só tinha de fechar os olhos e engolir o choro quando estava vendo filme com meus primos e amigos "másculos", afinal, nenhum deles parecia aceitar a ideia de que homem também tem sentimento.
Sou tão intenso quanto a aos sentimentos que me pergunto se alguma moça a procura de seu perfeito 'Ken' aceitaria uma pessoa tão densa como eu.  Afinal, atrás do que as pessoas estão, no amor, na amizade, nos negócios ou na guerra. Sim, todos estão à espera de atitudes óbvias, claras, de pessoas mecanizadas, nem tão rasas nem tão profundas. Se é raso demais torna-se chacota, e ao invés de tentar te inundar, tentam apenas vomitar informações condensadas e prontas em você. E se é intenso demais, bem, é segregado, o especial, o diferente, o estranho... Não me interessa o que esperam ou deixam de esperar de mim, só queria que as pessoas tentassem entender um pouco dessa minha densidade.
Veja bem, meia palavra basta? Meia palavra basta quando há milhares de pessoas morrendo em guerras, quando meias palavras distorcem religiões em fundamentalismos, meia palavra basta quando a intolerância mata milhares de pessoas todos os anos debaixo do nosso nariz? Talvez nenhuma palavra seja suficiente para bastar quando se trata de toda nossa esdrúxula política. Talvez nenhuma palavra baste quando falamos da dor que sentimos. Talvez ainda não seja necessária nenhuma palavra para bastar o amor que sinto toda vez que olho aqueles  olhos...
Palavras apenas, palavras pequenas, palavras ao vento... Sempre tentei entender como funcionava esse negócio de comunicação. As pessoas riem umas das outras, de suas más expressões, seus sotaques, suas faltas de palavras, seus excessos, suas palavras grosseiras, suas palavras sorrateiras, porém, ninguém parece tentar entender as palavras. Não se dão conta de que há gênios não descobertos porque são analfabetos. Nem percebem que a sabedoria habita os cantos mais curiosos.
Resultado de imagem para homem alistamento militarVejo guerra e vejo dor, vejo palavras mal ditas, meias palavras e meias verdades. Sinto ainda que jamais entenderei o mundo em sua totalidade, porque não domino as palavras. Enquanto o suor escorre pela minha testa espero na fila para ser chamado: Alistamento militar obrigatório. Não há cálice, nem cale-se, que me faça engolir ou entender quanto ao universo no qual estou em que cada país precisa de um exército. Em que a guerra é "necessária" e em que o ser humano precisa destruir o outro para sobreviver. Jamais, me lembre disso se eu vier a esquecer, deixarei que meias palavras bastem, que o ódio baste, e que o cálice baste.”


quinta-feira, 6 de abril de 2017

O Pequeno Príncipe

Qual livro escolher em um mês tão importante para literatura infantil senão "O Pequeno Príncipe"? Mas antes de qualquer coisa, porque esse mês é tão importante? É em abril que se comemora o Dia Mundial da Literatura Infantil, mas especificamente no dia 02, no qual nascia o escritor dinamarquês Hans Christian Andersen, autor de A Pequena Sereia, O Patinho Feio dentre outros clássicos. Ainda nesse mês, comemora-se o Dia Nacional da Literatura Infantil, 18-04, data de nascimento de Monteiro Lobato, grande autor brasileiro eternizado por O Sítio do Pica Pau Amarelo. Caso se interesse em saber um pouco mais desse dia, há um ano o Blog apresentou sua história em comemoração a essa data. Tudo isso, para em fim, dizer que precisamos falar sobre O Pequeno Príncipe!

O Pequeno Príncipe
Editora: Geração Editorial
Ano: 2015
Páginas: 160
Idioma: Português 

SinopseUm piloto cai com seu avião no deserto e ali encontra uma criança loura e frágil. Ela diz ter vindo de um pequeno planeta distante. E ali, na convivência com o piloto perdido, os dois repensam os seus valores e encontram o sentido da vida. 
Com essa história mágica, sensível, comovente, às vezes triste, e só aparentemente infantil, o escritor francês Antoine de Saint-Exupéry criou há 70 anos um dos maiores clássicos da literatura universal. Não há adulto que não se comova ao se lembrar de quando o leu quando criança. 
Trata-se da maior obra existencialista do século XX, segundo Martin Heidegger. Livro mais traduzido da história, depois do Alcorão e da Bíblia, ele agora chega ao Brasil em nova edição, completa, com a tradução de Frei Betto e enriquecida com um caderno ilustrado sobre a obra e a curta e trágica vida do autor.

Opinião: Saint-Exupéry começa o livro pedindo perdão às criança por dedicar esse livro a um adulto, e elenca inúmeras desculpas para isso, incluindo o fato de que este adulto um dia já fora uma criança. E de fato, se é criança ou adulto, precisa lembrar da criança que é ou já foi para ler e apreciar essa bela obra. Nosso narrador é um piloto tentando arrumar seu avião após um pouso de emergência no deserto do Saara, aonde encontra um pequeno príncipe. Esse pequenino, lhe pede, a priori, para desenhar um carneirinho, porém, nosso autor não se mostra mui talentoso na arte de desenhar, já que como ele menciona na obra, fora desencorajado na infância. 
Ao conversarem sobre suas origens, o Pequeno Príncipe começa a contar-lhe sua história, como havia, afinal, ido parar naquele lugar? Nosso menino vinha de um planeta tão pequeno como uma casa, daqueles que são chamados pelos astrônomos de Asteroide mais um número,e não nome.  Pois, como nosso querido autor diz, Adultos adoram números... "Eles são assim mesmo. Nem por isso devemos lhes querer mal. As crianças precisam ter muita paciência com os adultos."
O planeta do nosso pequenino era cuidado todos os dias por ele, esse mesmo ainda possibilitava que o pôr do sol fosse visto várias e várias vezes de tão pequeno que era, e isso pode ser bom, quando se está triste...O principezinho vai mostrando ao piloto os riscos de ser adulto e só pensar em coisas sérias. Como, por exemplo, menciona um sujeito vermelho que morava num planeta sozinho fazendo contas, sem contemplar estrelas ou viver nenhum amor. Falando de amor, a maior preocupação do pequenino era com o bem estar de sua rosa, única em seu planeta, quem ele acreditava ser a única no mundo.
Um belo dia resolveu visitar o mundo, cuidou dos vulcões de seu planeta, até do extinto, por segurança, e aproveitando uma revoada de pássaros voou além... O primeiro asteroide  visitado era habitado por um rei que buscava exigir de cada um o que cada um podia dar, sua razão era baseada na sensatez. No segundo, havia um vaidoso, quem vivia sozinho e ainda se denominava melhor que todos os outros. Bem, o terceiro foi o que deixou o pequenino mais triste, conheceu um bêbado que bebia para esquecer a vergonha que tinha de ser bêbado. " Os adultos são mesmo muito estranhos, disse a si mesmo ao longo da viagem".No quarto, foi que encontrou o homem de negócios que contava as estrelas pensando que isso lhe fazia dono delas O quinto planeta era tao pequeno que só cabia o um acendedor de lampião, seu trabalho até parece útil ao olhos do menino, se não fosse o fato de que era feito sem parar e para seguir apenas o regulamento: apagando e acendendo o lampião ao nascer e pôr do sol, o planeta girando cada vez mais rápido e o sujeito apenas seguindo-o incessantemente. Qualquer semelhança com a realidade merece reflexão. No sexto planeta, encontrou um geógrafo, quem de nada na realidade conhecia, apenas na teoria... Ao menos apresentou a Terra ao nosso pequeno príncipe.
Terra, sétimo e último planeta que o príncipe visitou, recheada por cerca de 7 bilhões de adultos. A procura de pessoas, no deserto em chegou encontrou uma serpente, uma flor - a qual diferente dos seres humanos criam raízes, uma montanha, várias rosas, uma raposa , um despachante e um vendedor de pílulas destinadas a amenizar a sede para economizar tempo. Quando se deu conta de que sua rosa não era a única no universo e de que seus vulcões não eram grande coisa deu-se a chorar. Então, conheceu a raposa, quem lhe ensinou o significado de cativar e tornar-se único no mundo. "As pessoas já não tem tempo de conhecer nada. Preferem comprar tudo pronto nas lojas. Como não existem lojas que vendem amigos, as pessoas não tem mais amigos. Se quer um amigo, trate de me cativar."
Quase morrendo de sede, o piloto e o príncipe encontram o prazer em um gole d'água de um poço no meio do deserto. Para cada um, depois, seguir o seu caminho e entender o verdadeiro sentido da vida. O Pequeno Príncipe, é um livro doce e singelo, contar-lhe mil vezes e comentar todos os seus detalhes jamais resumiriam o prazer sentido ao lê-lo. Pois bem, lhes convido, leiam, sintam e entendam, porque "O essencial é invisível aos olhos'.