domingo, 20 de janeiro de 2019

Fahrenheit 451 - Ray Bradbury

Imagem relacionada
Ano: 2012
Páginas: 216
Idioma: português
Editora: Biblioteca Azul









Sinopse: Imagine uma época em que os livros configurem uma ameaça ao sistema, uma sociedade onde eles são proibidos. Para exterminá-los, basta chamar os bombeiros - profissionais que outrora se dedicavam à extinção de incêndios, mas que agora são os responsáveis pela manutenção da ordem, queimando publicações e impedindo que o conhecimento se dissemine como praga. Para coroar a alienação em que vive essa nova sociedade, as casas são dotadas de televisores que ocupam paredes inteiras de cômodos, e exibem "famílias" com as quais se pode dialogar, como se estas fossem de fatos reais.Este é o cenário em que vive Guy Montag, bombeiro que atravessa séria crise ideológica. Sua esposa passa o dia entretida com seus "parentes televisivos", enquanto ele trabalha arduamente. Sua vida vazia é transformada quando ele conhece a vizinha Clarisse, uma adolescente que reflete sobre o mundo à sua volta e que o instiga a fazer o mesmo. O sumiço misterioso de Clarisse leva Montag a se rebelar contra a política estabelecida, e ele passa a esconder livros em sua própria casa. Denunciado por sua ousadia, é obrigado a mudar de tática e a buscar aliados na luta pela preservação do pensamento e da memória.
Um clássico de Ray Bradbury, "Fahrenheit 451" é não só uma crítica à repressão política mas também à superficialidade da era da imagem, sintomática do século XX e que ainda parece não esmorecer.

Opinião: Não é de hoje que gosto de distopias. A verdade é que ao ler sobre um possível futuro distópico consigo enxergar melhor a realidade, seja para ver esperança ou os pontos negativos. Foi com esse pensamento que adquiri e conheci a obra Fahrenheit 451, um dos clássicos desse tipo de ficção.
Devo alertá-los desde já que está análise será eminentemente crítica e não focada apenas no enredo e escrita, coisa que a sinopse já fez muito bem. A escrita manteve o suspense necessário, e linearidade precisa, clara e concisa como deveria ser, nada de muito diferente a se enfatizar. O enredo trata de um mundo futuro, é válido lembrar de que foi publicada originalmente em 1953, apesar de não precisar o ano em que se passa  a estória, podemos entender que o presente do livro não é tão diferente do nosso presente. A estória aborda a mudança de percepção de um bombeiro, que queimava livros, para um ávido leitor, e basicamente uma expansão da sua mente e realidade.
Manuel da Costa Pinto, brilhante escritor e crítico brasileiro, apresenta seu ponto de vista no prefácio do livro, o qual indico fortemente ser lido. Logo podemos observar o relato da queima de livros na segunda guerra mundial, como um irônico avanço a queima de pessoas na idade média. O livro é apresentado aqui por sua ambientação similar a atual, com exceção as casas a prova de fogo, o que teria originado o desvirtuamento da profissão dos bombeiros, e da desconsideração da leitura e portanto religião, filosofia, sociologia e literatura,  em face  massificação cultural midiática.
Preocupei-me com a identificação a qual encontrei na obra, diga-se de passagem que não é tão difícil materializar a situação caricata da queima de livros com a falência das livrarias e editoras. A massificação cultural se apresenta fortemente pulsante em toda parte, não há mais que se ler vez que pode-se ler resumos, assistir jornal por vídeo e conversar sobre qualquer bobagem. O interesse de Montag em descobrir o porquê das coisas é coisa de gente peculiar hoje em dia, para que saber o porqu
ê das coisas se podemos apenas tê-las?
Beatty é o personagem o qual faz contraponto com nosso protagonista, chefe dos bombeiros, sabe profundamente acerca dos livros e seus escritores, mas que os considera informações excessivas aos homens. Informação de mais, esse não é o medo de muitos? Não leia Marx, os livros de história corrompem, não leia nada que possa te fazer pensar diferente, não leia nada desse tipo, informação demais pode confundir. Ora se apenas o ato de ler é capaz de mudar pensamentos ele decerto é uma arma, e mais decerto ainda sinal de quem lê e por isso apenas muda é que é fraco de opinião. Será mesmo? Penso que livros são poderosos, porém porque tem suas razões para o serem e creio que todos somos capazes de processar o que lemos. Veja, na história a leitura se tornou apenas mecânica, e quando alguém deseja utilizá-la para pensar, era absurdo, heresia, doutrinação!
Por fim, creio que dois trechos de Ray Bradbury são suficientes para esclarecer sobre o que é a obra, brevemente, eis que cabe a mim transcrevê-los:
-" Nos tempos antes de Cristo, havia uma ave estúpida chamada Fênix que, a cada cem anos, construía uma pira e se consumia em chamas. Deve ter sido prima-irmã do homem. Mas, toda vez que se queimava, ressurgia das cinzas e novamente renascia. E parece que estivemos fazendo e refazendo inúmeras vezes a mesma coisa, só que com uma vantagem que a Fênix nunca teve. Nós sabemos a estupidez que acabamos de cometer."
-" Ficção científica é uma ótima maneira de fingir que você está falando do futuro quando, na realidade, está atacando o passado recente e o presente".