terça-feira, 21 de agosto de 2018

Aos teus olhos - Crítica


Aos Teus Olhos : Poster
Data de lançamento: 12 de abril de 2018 
Gênero: Drama
Nacionalidade: Brasil
Tempo de duração: 1h 30min
Direção: Carolina Jabor

Sinopse: Rubens (Daniel de Oliveira) é um professor de natação carismático e extrovertido, que dá aulas para pré-adolescentes em um clube. Querido por todos devido ao seu jeito brincalhão e parceiro, ele se vê em apuros quando um de seus alunos, Alex (Luís Felipe Melo), diz à mãe que o professor lhe deu um beijo na boca no vestiário. Alegando inocência, Rubens é acusado pelos pais da criança e passa a ter que lidar com um verdadeiro linchamento virtual, que tem início através de mensagens de WhatsApp e explode de vez quando chega ao Facebook.

Opção: O filme começa com tensão, a música complementa a trama, uma criança indo ao campeonato de natação. O afeto da mesma para seu professor de natação e o conflito familiar parecem criar um ambiente perigoso. É então, após uma derrota no campeonato, que ocorre o fato central da trama: o pai do menino aprece no clube atordoado. O professor teria beijado seu filho. 
A falta de provas, a situação controvertida e a ausência de depoimento do menor despertam um sentimento absurdo de incerteza e de uma possível injustiça. Como que sem provas, todos poderiam incriminar socialmente e nas redes sociais ( que é o instrumento de acusação mais perigoso no longa) o possível abusador? O filme relembra casos reais como o Caso da Escola Base, em que todos profissionais de uma escola tiveram sua vida destruída por uma denúncia falsa de uma mãe desesperada e uma criança com imaginação fértil.
Na trama em questão, a preocupação e a insinuação das pessoas de que uma possível homossexualidade do professor poderia justificar ou ser a causa do alegado fato é de se preocupar. Justificar? Como se justifica um abuso infantil? E mais, como a homossexualidade  seria a causa para tal? Vários pontos controvertidos são levantados e vemos algo que se trata mais do que justiça, é uma de vingança pessoal.
Assistir "Aos teus olhos" é exatamente uma análise pessoal do fato, tal qual em Dom Casmurro, vemos um caso unilateral e temos de interpretar por nós mesmos. No caso em tela, trata-se ainda de um julgamento prévio, quantas vezes julgamos as pessoas sem sequer saber dos fatos na sua totalidade ou ouvi-las. Digo mais, quanto ainda falta para que as crianças sejam ouvidas e entendidas de modo a evitar falsas verdade? Veja o longa, reflita e tire suas próprias conclusões.

terça-feira, 31 de julho de 2018

Fantasia

Vestida de mulher, num corpo de magia
Recheada de doce de leite, chamado ambrosia
Ela é mais do que aparência e de espectros
Ela é uma espécime rara de flor africana
Pensamento de um senhor trépido
É aquela comida íbero-australiana

No fundo ela é um pouco de fantasia
Do que pensava, ouvia, escrevia e lia
É o jabuti frente a raposa lépido
É aquela espécia rara de ave americana
É uma roupa cara paga no crédito
Ela é tudo, mulher viva e que ama

quarta-feira, 4 de julho de 2018

O Papel da Parede Amarelo - Charlotte Perkins Gilman

O Papel de Parede AmareloAno: 2006 
Páginas: 112
Idioma: português 
Editora: José Olympio

Sinopse: Uma mulher fragilizada emocionalmente é internada, pelo próprio marido, em uma espécie de retiro terapêutico em um quarto revestido por um obscuro e assustador papel de parede amarelo. Por anos, desde a sua publicação, o livro foi considerado um assustador conto de terror, com diversas adaptações para o cinema, a última em 2012. No entanto, devido a trajetória da autora e a novas releitura, é hoje considerado um relato pungente sobre o processo de enlouquecimento de uma mulher devido à maneira infantilizada e machista com que era tratada pela família e pela sociedade

Opinião: Está tudo bem, está tudo bem, essas três palavras parecem permear forçosamente o início da trama. Uma mulher que entende ser amada por seu marido e não importa o quando ele a isole, cabe a ela entender que está tudo bem, ao menos é o que seu esposo médico lhe diz. Em época que a mulher pensar era visto como doença e que momentos de raiva chamados de histeria, nada mais normal.
O viés de terror, na verdade, nada mais é do que as dificuldades da realidade expostas pelo psicológico de uma mulher oprimida. A metáfora do papel de parede é essencial para elucidar a sensação de estar presa. A sensação ruim traga pelo mesmo reflete tão somente o estado emocional da protagonista.

Um livro simples,breve e denso. Escrito há mais de cem anos, esse conto trás a realidade de como a mulher era e por  vezes ainda é, sufocada seja pela sociedade ou pela sua própria família. Não perca a oportunidade de ler e entender esse breve e reflexivo livro!

domingo, 17 de junho de 2018

O príncipe encantado virou um chato

Rita Lee já falava a realidade de quando se cresce e amadurece "quem sabe o príncipe virou um chato que vive dando no meu saco...". Pois é, virou mesmo. Virou porque na verdade, é um saco esperar por aquilo que não existe...Mas vamos por partes.
Ah não, Giovana, não venha me dizer que sofreu uma desilusão amorosa e resolver criticar todos os homens do mundo? Não, moi chéri(e), eu apenas venho desfazer esse véu que encobre a realidade. Quando sabemos de algo tão importante, nos cabe compartilhar.
Agora, sabe porque o príncipe encantado virou um chato? Porque ele é uma ilusão. Um cara que quase não erra (o que por si só é surreal), é bem de vida, super descolado, apaixonado, super-maduro, talentoso, bonito e estabilizado... um cara que basicamente não existe. Mas se existisse, certamente que seria dominador, porque a sociedade o ensinou que todos devem amar os homens bonzinhos e com tantas qualidades.
O príncipe encantado seria um babaca também, diga-se de passagem. Ele se acha o bonzão. Está praticamente pagando para estar com você, afinal ele é o cara que sempre passa o cartão. Revira os olhos sempre que discorda dele e pede pra você ser boazinha. O príncipe encantado fica bravo quando você não dá o que ele quer (e você sabe do que estou falando). Afinal, ele te ama, como você pode negá-lo?. O príncipe encantado é um machista mascarado de amor da sua vida.
Os conceitos de príncipe encantado embutidos em séries, filmes, sociedade e livros, dizem que ele tem que ser tudo aquilo e ainda te amar verdadeiramente. Mas me diga com sinceridade, se ele for 'tudo isso', ele não será tão encantador, não é? No fim das contas não é bem o príncipe encantado que se quer, mas uma pessoa honesta com seus defeitos, humilde, dedicado e que a respeite, no mais o resto é bônus. Agora se vocês encontrarem um homem com tudo que vocês esperam não se impeçam de amar, mas aceite que ele não é um príncipe encantado, e isso é muito bom.


quinta-feira, 31 de maio de 2018

Cade meu chá de Rivotril?

Calma, não estou viciada em medicamento não, no entanto, admito, essa tem sido uma das minhas preocupações sociais. As válvulas de escape aparentemente medicinais que na verdade tem destruído com a saúde de seus usuários. Usuários, isso não parece o nome com que chamam quem faz uso de drogas recreativas? Ora ora, veja se medicamentos não são drogas? Drogas não recreativas é claro, mas ainda sim, drogas. Aqui não viemos para apoiar a criminalização das drogas nem taxar as pessoas de viciadas, porém, para levantar uma importante questão social.
Já parou para observar o quanto se tem tornado comum o uso de antidepressivos, calmantes, soníferos ou outros remédios com fim psiquiátricos e comportamentais? Não é vergonha nenhuma precisar de ajuda, não é vergonha estar mal, não mesmo. No entanto, não me parece saudável exaltar medicamentos tarja preta ou fortes visando alterar nosso estado psicológico cerebral. Por que você diz isso, Giovana? Certamente nunca passou por um período difícil psicologicamente..., né? Ledo engano, já passei por períodos turbulentos, de ansiedade, conturbação mental e insonia. E sabe de uma coisa? Está tudo bem! 
De fato, o nosso século é o século da depressão, ansiedade, e outras questões psicológicas, várias pesquisas indicam isso. Mas talvez nosso século seja muito patologizador, sim, quero dizer exatamente o que você acabou de ler. Como assim, o que quer dizer com isso? Quero dizer que estamos sempre nos taxando de anormal, de doentes, de ansiosos e de possuídos de 500 transtornos diferentes. Isso pode ter um lado maravilhoso, que é o da aceitação, de finalmente entender quem você é e porque é assim. Mas também pode nos aprisionar no paradoxo da eterna incompreensão (já falei disso algumas vezes aqui no blog), e todos estamos sujeitos a isso.
A minha preocupação é como estamos lidando com nossas dificuldades, será que temos nos aceitado e parado de nos taxar de estranhos, quando somos apenas singulares? Ou na verdade estamos nos enclausurando mais ainda dentro de nossas bolhas e tentado nos drogas para conseguir conviver em sociedade? Ninguém é obrigado a ser o que não é, ao menos não deveria, e muito menos obrigado a alterar seu estado mental por causa disso. Porque não trocar a o Rivotril, a Sentralina e a Fluxetina por terapia, chás, acompanhamento médico adequado (NUNCA SE AUTOMEDIQUE, PRINCIPALMENTE EM RELAÇÃO A QUESTÕES PSICOLÓGICAS), yoga, esportes, artes, música e hobbies em geral. 
Deixe as drogas e a famigerada, porém essencial, alopatia para quando realmente necessário, prescrito por médicos e para algo temporário. Os médicos mais humanistas que tive o prazer de ouvir entendem que os tratamentos muitas vezes não levam a cura, mas ainda assim não devem levar a escravização. O tratamento muitas vezes é para a vida toda, de fato, contudo, não se deixe estagnar no patamar das dificuldades, não aceite uma vida controlada por produtos químicos, uma vida controlando seu cérebro... 

*Os farmacêuticos, médicos, psicólogos, terapeutas e todos profissionais da saúde que pensem diferente são convidados a expor sua visão especializada, e debater o domínio que a alopatia de medicamentos psiquiátricos parece ter criado nas pessoas.

Mais informações em:
https://www.vladman.net/blog/diferen%C3%A7as-entre-sertralina-fluoxetina-e-paroxetina

sexta-feira, 18 de maio de 2018

Eu Não Sou Um Homem Fácil

Je Ne Suis Pas Un Homme Facile : PosterDuração 1h 38min
Direção: 
Gênero Comédia
Nacionalidade França


Trailer:



Opinião:


Je Ne Suis Pas Un Homme Facile : Foto Vincent Elbaz
Uma comédia em que os papéis são invertidos, mostrando todo sexismo que há no mundo. Damien, o clássico macho alfa acorda em um mundo invertido. Nesse mundo, se apaixona por uma escritora famosa e dominadora, Alexandra. Mas não, não é o romance que ganha a trama, mas as nuances da história, pura, crua e simples.

"Eu não sou uma mulher fácil, é uma frase a qual estamos acostumados a escutar". Uma mulher que não cede a cantadas, é forte, crítica, é um tanto quanto difícil não é mesmo. Em nossa realidade é muito raro que homens recebam cantadas invasivas ou até mesmo sejam chamados de difíceis, até porque, convenhamos, a maior parte do tempo são eles que escolhem quem e o quê desejam. Agora imagine só se o mundo inteiro se invertesse e por alguns dias os homens passassem por tudo que passamos. Será que tudo é realmente uma questão biológica?
O impacto da função social de gênero no caso em tela é explícito e mais ainda, real. Não me recordo de sequer uma cena que tenha sido absurda ou desmedida. Nesse mundo paralelo, as mulheres fazem tudo que os homens fazem, seja para bem ou para mal. Inverter os papéis é de suma importância para apontar os pontos negativos de ambos lados. Mais ainda, para fazer entender os abusos explícitos por parte da nossa sociedade patriarcal.

Agora quanto a técnica, como um bom filme francês, a critica restou impecável, os atores foram excelentes, do mesmo modo figurino e cenário, os quais nos fazem imersos a esse "novo mundo". Tudo de modo a dar melhor aproveitamento ao texto e crítica. Não há que se dizer em feminismo radical ou nada do tipo, apenas em verdade nua e crua. Se ainda não assistiu, abra sua mente e não perca tempo, recomende a todos amigos também, aposto que vão dar boas risadas e pensar bastante.

segunda-feira, 30 de abril de 2018

Pequenas Corrupções

Não era a primeira vez que fazia aquilo. Mesmo assim suas mãos ainda suavam e o coração palpitava. Quem nunca copiou um trabalho ou colou na prova? Era essa a desculpa de Marcela para esses pequenos atos “Clandestinos’. Já que todo mundo faz não tem problema.
Era hora do almoço e tudo que ela mais queria era chegar em casa. Não via a hora de sentar quando entrou no ônibus e avistou uma única poltrona vazia. Sentou e aproveitou para refletir sobre o seu dia, Beatriz não podia descobrir da cola. Às vezes era irritante ter uma amiga tão inteligente, mas tão chata.
“Tantas pessoas se fingindo de honestas, só porque são chatas” Suspirou Marcela.”Eu sou honesta, e nem por isso sou moralista!” Mal terminava de sussurrar quando avistou uma senhora de bengala entrar no ônibus. A menina não só fingiu dormir, como também ignorou o fato de sua poltrona ser reservada a idosos. Isso não era importante, ela era adolescente, não envelheceria tão cedo.
Já em casa, despencou no sofá e ligou a televisão. Tudo que ela queria era descansar. No jornal comentava sobre a descoberta de um novo esquema de corrupção do governo. O problema do Brasil é a corrupção, Marcela sabia disso; Irada com as coisas que viu se levantou para discursar:
- Tudo por culpa desse maldito jeitinho brasileiro. Enquanto a corrupção continuar no nosso país, não chegaremos a lugar algum. Todos precisam se conscientizar disso, para tornar o mundo um lugar mais justo.
Depois disso cai no sofá, estava se sentindo mal. Ela era igual aos políticos corruptos! Correu tremendo em direção ao telefone, precisava falar com Beatriz e consertar uns erros...