quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Sobre os livros de 2016

Estamos na reta final do ano e nada melhor do que trazer um feedback de todos os livros lidos durante 2016.  Cada obra possuiu  sua importância e seu ensinamento para mim, e devo dizer que alguns clássicos os quais enfim apreciei esse ano estarão na minha memória para sempre... Espero que curtam a listinha e se quiser compartilhem as suas também!





Melhores do ano: O Sol é para todos- Harper Lee O Mundo de Sofia- Jostein Gaarder
Comentário: O que mais me chamou a atenção nessas duas obras é o leque de temas que abrangem e o fato de ficaram eternizadas em minhas memórias.
Autor(a) do ano: Jojo Moyes 
Comentário: Gostaria de explanar esse escolha dizendo que a vi como autora do ano por causa dos livros lançados em 2016 ( No caso, "Depois de Você")  e da repercussão internacional e no cinema.
Personagem favorita: Sofia ("O Mundo de Sofia"-Jostein Gaarder) e a Raposa ( de "O Pequeno Príncipe"-Antoine de Saint-Exupéry)
Comentário: As maiores lições desse ano aprendi com essas duas personagens, então seria um desrespeito não mencioná-las.
rie do Ano: Série Dezesseis Luas (Beautiful Creatures) -Kami Garcia e Margaret Stohl
Comentário: Dentre os livros de série o quais li esse ano achei esta série a mais consistente e curiosa.
     Terminei rápido: O Pequeno Príncipe-Antoine de Saint-Exupéry
       Comentário: Um livro doce, curto e contagiante, consegui ler em torno de uma hora!
Comentário: Em minha defesa o livro tem quase 800 páginas na versão compacta!
ChoreiSal- Letícia Wierzchowski, Toda Luz que Não Podemos Ver-Anthony Doerr & O Palácio de Inverno - John Boyne 
Comentário: São livros impactantes, de lavar a alma. Afinal, nosso coração não é de pedra, é?
Ri muitoAs Provações de Apolo- Rick Riordan 
Comentário: Como não rir com o Rick?
Comentário: Porque rir ou chorar se podemos ter os dois?
Personagens com quem me identifiquei: Anne Frank ("O Diário de Anne Frank"-Anne Frank),  Sofia ("O Mundo de Sofia"- Jostein Gaarder) e Flora ("Sal"- Letícia Wierzchowski)
Comentário: Todas mulheres amantes da literatura e filosofia... 
Livro físico mais bonito O Pequeno Príncipe -Antoine de Saint-Exupéry e Alice no País das Maravilhas-Lewis Carroll
Melhor finalO Mundo de Sofia- Jostein Gaarder
Comentário: Fica aqui a recomendação para leitura em 2017.
Pior finalA Melhor Coisa que Nunca Aconteceu na Minha Vida -Laura Tait e Jimmy Rice
Comentário: Sabe quando fica a sensação de que ficou faltando alguma coisa? Exatamente isso.
SurpreendenteSurpeendente - Maurício Gomyde e O Mundo de Sofia-Joisten Gaarder & Sal-Letícia Wierzchowski
Comentário: Parece engraçado pensar em um livro chamado Surpreendente que não fosse surpreendente. Essa é uma das minhas categorias favoritas, porque todo mundo gosta de reviravoltas, certo?
Decepcionante: As Crônicas de Nárnia-C.S.Lewis e Alice no país das maravilhas-Lewis Carroll
Comentário: São livros muito famosos e clássicos, mas recomendo que não vá com muita sede ao pote. 
Casal favorito: "Gueórgui e Zoia" ("O Palácio de Inverno"- John Boyne) e "Tate & Miles" ("O Lado Feio do Amor"-Colleen Hoover)
InspiradorO Livro do Bem-Ariane Freitas & Jessica Grecco
Comentário: Sabe aquele final de dia em que está se sentindo cansado, triste ou só desanimado, esse livro é capaz de adocicar seu dia.
Fofo: Tudo e Todas as Coisas- Nicola YoonO Pequeno Príncipe-Antoine de Saint-Exupéry & Extraordinário-R.J.Palacio
Lendo: Sense and Sensibility- Jane Austen




terça-feira, 20 de dezembro de 2016

A Intolerância Religiosa no Brasil

Chegamos ao temido assunto, ao tema da esperada redação do Enem de 2016. Mas afinal, você acha que existe intolerância religiosa no Brasil? Em termos históricos, o Brasil já passou por um longo processo de segregação religiosa, enquanto ainda era colônia o país recebeu também os ventos da Santa Inquisição. Mas parece estranho pensar em intolerante um país que desde sua independência apesar de se intitular um país cuja religião oficial era a Católica, permitia a liberdade de culto, isto é, em 1824, na nossa primeira Constituição. Como podem conviver no mesmo país duas situações tão opostas?
Os resquícios desse passado perpetuam até hoje, e é o que podemos observar nas ironias do dia a dia. O nosso país é laico e teoricamente liberal, mas no cotidiano, como nas redes sociais, o que vemos são cada vez mais discursos de ódio. Essa dicotomia reflete, por exemplo, na estigmatização das culturas de origem africana e a banalização da fé cristã. Chamar todos os pastores de ladrão, os padres de pedófilos ou as religiões afro-brasileiras de "macumbeiras" (de forma ofensiva e genérica), dentre outros termos pejorativos, além de ofensivo é antiético, e por vezes crime. Prossigo, o preconceito alcança a todos, também as religiões tidas como minoritárias como o espiritismo, judaísmo, budismo, islamismo ou até a não-religião do ateísmo às vezes sofrem agressões.
Quem nunca viu alguém debochando de alguma religião alheia? No plano formal, as religiões têm todo o direito de terem seus conflitos, mas em termos práticos essas diferenças não deveriam agredir a vida das pessoas. Não parece sensato que a ideia da "fé' que se materializa no "amor" (o que pode ser visto majoritariamente nas correntes religiosas), seja concluída no termo das religiões e acabem por agredir tanto umas as outras. Segundo o nosso Estado de Direito, nós temos direito a professar a religião de nossa preferência, inclusive temos o direito de não praticar nenhuma religião.¹
Nos dias atuais (na verdade, parece-me que desde sempre), temos visto um certo extremismo nas posições das pessoas, por hora relatarei um episódio histórico para mostrar a contradição do ato do extremismo. Eichmann, oficial da organização nazista durante a Segunda Guerra Mundial, encaminhou muitos judeus para a morte e inclusive presenciou assassinatos. No entanto, em seu julgamento alegava não se sentir culpado, porque havia seguido o "imperativo categórico" de Kant², ou seja, estava apenas obedecendo a ordens, contou em seus relatos inclusive que não tinha nada contra o judaísmo, tanto que ele e alguns amigos tinham namorado judias. Em termos gerais, parece sem sentido se posicionar de forma extrema em uma sociedade tão globalizada e plural, em que nos relacionamos com indivíduos dos mais variados credos.
Apesar de ser possível alegar que o contexto é diferente, afinal, aqui no Brasil a intolerância religiosa não mata ninguém (a princípio), ele me parece bastante válido. Primeiro, que isto é até onde sabemos. Depois, pois não podemos afirmar que a razão de alguns suicídios os quais ocorrem pelo país não tem cunho religioso. E também, porque a agressão psicológica por vezes é tão incidente quanto à física.
O nosso sincretismo religioso visto de forma tão utópica pela ideia da união do branco, do negro e do índio, é de se questionar. Falar que não existe intolerância religiosa no Brasil é tão ingênuo como dizer que não existe racismo, machismo ou homofobia no mundo.  E não, isso não é coisa da esquerda ou direita, definitivamente essa é uma questão humanitária. Se Martin Luther King não tivesse saído da sua zona de conforto e lutado pelos direitos dos negros, o que seria dos EUA agora? Talvez a eleição de Donald Trump fosse o menor dos problemas.
Ninguém é proibido de apresentar sua fé a outrem, ninguém é proibido de manifestar a sua fé e de apresentar seu ponto de vista, não somos proibidos de fazer isso. Apenas devemos saber que em tudo há um limite, não é na bala, nos xingamentos e em nenhuma forma do tipo que iremos resolver nossas divergências, como “crianças birrentas”. Se até dentro de uma mesma religião há divergências, quem somos nós para achar que todos irão pensar igual? Todos temos o direito de professar o que acreditamos, seja o que for, e precisamos ser tolerantes o suficientes para lidar com isso, senão estaremos fadados a autodestruição.
Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las.
Evelyn Beatrice Hall- Biógrafa de Voltaire”


¹ A Constituição Federal, no artigo: 5° VI, estipula ser inviolável a liberdade de consciência e de crença, assegurando o livre exercício dos cultos religiosos e garantindo, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e as suas liturgias.
²Abordagem retirada do livro “Eichmann em Jerusalém” de Hannah Arendt.

sábado, 10 de dezembro de 2016

O Ciclo da Vida

Resultado de imagem para sequoia"Era uma árvore que como eu, amava a chuva e o quente sol... Era uma sequoia, um dia se tornaria forte, alta e imponente. Mas por hora era apenas uma muda com seus primeiros galhos a nascer. Um dia todos nós fomos apenas mudas, não é mesmo? E então fomos crescendo, florescendo, dando frutos(ela não, é claro, sequoias não dão frutos, nem todas produzimos frutos) e nos desenvolvendo. Ela, como eu, havia recebido um ninho de pássaros, o belo sabiá dera a luz a seus pequenos ovos ali mesmo, então a frondosa árvore os recebeu até que aprendessem a voar e fossem embora. É sempre assim, os pássaros vem e vão, alguns também nunca mais voltam, mas tudo bem, o importante é que estejam a voar pelo ar.
Nós tínhamos também outras coisas em comum, quando jovens fomos podadas. Não só podadas, como dizia o jequitibá- um velho amigo- fomos cortadas. Por vezes, apareciam para cortar as pontinhas dos galhos, diziam que ajudava a crescer. Eu acho que funcionava, porque toda vez que isso acontecia, meus braços cresciam mais e mais. Só que houve vezes também que não cortaram apenas as pontinhas. Certo dia acordei com os gritos desesperado de minha cara amiga, o machado havia lhe roubado um galho, este nunca mais cresceu. Certas coisas se "podadas" na base tendem a nunca mais se desenvolver.
Tudo bem, eu disse pra mim mesma depois da perda, temos outros galhos. Mas a sequoia foi ficando fraca e até chegou a secar, quase pensei que ela iria nos deixar. Se não fosse aquela chuva que caiu lavando tudo e levando tudo... Às vezes eu gosto de chuva, ela parece que carrega muitas coisas que nos atrapalham, como o lixo que deixam ao nosso lado, já fui contaminada por ele uma ou duas vezes. Só que isso agora não me importa mais, na verdade, quase nada importa mais...
Depois do alimento para nossas raízes que tinha sido a chuva, estávamos mais empolgadas. O Natal até se aproximava, e com ele todas as decorações festivas que tanto me iluminavam os olhos. Quem sabe até não podassem alguns galhos e folhas para nos dar um belo formato. A ideia de tempos melhores me trazia esperança como não acontecia em muito tempo. Isto é, até o dia em que numa manhã nublada, ele chegou com a serra elétrica. Pensei que seria meu fim, juro que pensei, mas quando assisti a terrível cena me senti mil vezes pior. Era minha amiga sequoia que se iria dessa vez, eu nem sei direito o porquê. Só sei que depois ela já havia sido retirada, morta, estava morta, nunca mais cresceria..."
Giovana de Carvalho Florencio