sexta-feira, 19 de abril de 2019

A felicidade mora em você

Durante alguns anos quando era mais nova me sentia inconformada correndo atrás da felicidade. Você já se sentiu assim? No meu caso, eu tentava entender o que era a felicidade e sua importância em nossas vidas, fazendo pesquisas e lendo várias perspectivas. E imagine só, encontrei um punhado de respostas, inúmeros filósofos e teóricos apresentaram seu próprio ponto de vista. No entanto, nenhum deles parecia chegar de verdade ao cerne da questão.
Epicuro, um dos primeiros filósofos relatados a tratar da situação, apresenta a felicidade como algo a se conquistar, por meio de amigos, moderação dos prazeres e ausência de dor. Ora, acho um tanto quanto difícil afirmar que a felicidade provém da ausência de dor, uma vez que a dor faz parte do nosso dia a dia, e fugir dela seria como fugir da vida.
Ainda, encontrei quem dissesse que a felicidade estaria em um grande amor, ou em grandes amizades, mas me dei conta de que era contraproducente esperar que o outro te fizesse feliz. Hoje após anos, escutei de alguém quem muito amo uma frase que muito me fez refletir: "Amor é sobre compartilhar. Divida suas dores e alegrias comigo que te ajudarei a tornar o fardo mais leve". De fato, soube que o amor conspira a favor da felicidade, só que ele não é a chave para alcançá-la...
Também tentei encontrá-la em ações sociais, de fé ou de carreira, parecia tão nobre e agradável que ela deveria estar lá. Porém, infelizmente percebi que não bastava estar nos lugares e fazer atos louváveis, pelo menos de nada adiantava isso se não estivesse bem emocionalmente. 
E por fim, depois de tudo isso, cansada de procurar, sentei e comecei a ler um livro chamado "O Pequeno Príncipe". Depois que terminei de lê-lo com lágrimas nos olhos, entendi duas grandes lições, nós somos responsáveis pelo que cativamos, e daí vem o valor de servir, amar, e cuidar. Mas principalmente, percebi que o essencial é invisível aos olhos. Aquilo que está dentro de nós, o que somos, o que sonhamos, nossos propósitos e nossos valor compõe o que temos de mais precioso, e quando entendemos e amamos quem somos não precisamos de muito mais. A felicidade não mora ao lado, ela mora em você.

domingo, 31 de março de 2019

A Pessoa Perfeita

Ela era perfeita, uma das pessoas mais inteligentes que conhecia
Era aquela pessoa admirável, de deixar o queixo cair
Quado pensava na pessoa que deseja, sabia quem era
Alguém de quem não iria discordar em nada

Nós basicamente não brigaríamos, pois éramos ideais
Alguém que não me desagradasse, nem eu irritasse
Sem dúvidas, diferenças grandes ou nada dificultoso
Ah, o amor seria muito fácil e pleno

Bem, como seria a pessoa perfeita, não é mesmo?
Uma  pena que a verdade é que ela não existe
Ou melhor, existe sim, sou eu mesma
A pessoa com quem concordo sobre tudo

Oh, estive a me buscar e nunca me achei?
Na verdade é pior, estive a procurar o que sempre tive
Nós dois sempre fomos um, eu sempre me fui
Entendendo pude enfim aprender a amar o imperfeito

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Lady Bird

Lady Bird - A Hora de Voar : Poster
Data de lançamento: 15 de fevereiro de 2018 
Duração: 1h 35min
Direção: Greta Gerwig
Gêneros: Drama, Comédia
Nacionalidade: EUA

Sinopse: Christine McPherson (Saoirse Ronan) está no último ano do ensino médio e o que mais deseja é ir fazer faculdade longe de Sacramento, Califórnia, ideia firmemente rejeitada por sua mãe (Laurie Metcalf). Lady Bird, como a garota de forte personalidade exige ser chamada, não se dá por vencida e leva o plano de ir embora adiante mesmo assim. Enquanto sua hora não chega, no entanto, ela se divide entre as obrigações estudantis no colégio católico, o primeiro namoro, típicos rituais de passagem para a vida adulta e inúmeros desentendimentos com a progenitora.

Opinião: Lady Bird é um filme diferente, inegavelmente curioso e divertido, e principalmente, é um filme sobre a natureza do ser humano. Não vou negar, não achei o impacto do filme tão grande quanto poderia ser e particularmente acredito que outros do gênero são mais marcantes, por exemplo, "Boyhood" ou "Call me by your name". No entanto, não posso mentir, nossa Lady tem seu charme.
Uma moça adolescente no início dos anos  passa pela fase de descobertas da vida.  Cercada por tradição, religião e uma mãe 2000 bastante protetora ela quer ser dona de si mesma. Se auto intitula Lady Bird, nome próprio, literalmente próprio. Encontra-se meio a dúvidas acerca do futuro, afinal, para qual Universidade ir? O que é o amor? O que é o prazer? Como é ser o centro das atenções, ao menos um pouco?
A atriz Saoirse Ronan consegue trazer leveza e credibilidade para a personagem, o que basicamente é um dos fatores principais para o sucesso da trama. A personagem da mãe é tátil e verossímil, alguém compreensível e por quem sentimos empatia. Infelizmente, apesar da boa direção e protagonistas fortes os outros personagens não marcam bastante para serem relembrados, visão de quem viu o filme há alguns meses já e lembrou-se esporadicamente com saudosismo. Mas não, não pense que isso desmerece o filme, o protagonismo da relação filha e  mãe, de fato, se mostra ser o pilar central da obra. 
O longa com seu ar de realismo nos busca para mostrar a natureza do cotidiano e  a vida de uma garota comum. O grande destaque é o próprio realismo da obra e a empatia com o roteiro, talvez pela relação da diretora do longa com sua própria vivência. A trama não tem um grande clímax, mas aposta na naturalidade e singularidade que faz relembrar da adolescência com compreensão e saudade. Se foi por isso a indicação ao Óscar? Sim, com certeza. Nem sempre filmes devem ser sobre guerras, grandes romances ou reviravoltas. Às vezes tratar a vida como ela é pode ser a melhor coisa a se fazer. Aqui se trata apenas de ter Empatia, e é exatamente por isso que o recomendo.

domingo, 20 de janeiro de 2019

Fahrenheit 451 - Ray Bradbury

Imagem relacionada
Ano: 2012
Páginas: 216
Idioma: português
Editora: Biblioteca Azul









Sinopse: Imagine uma época em que os livros configurem uma ameaça ao sistema, uma sociedade onde eles são proibidos. Para exterminá-los, basta chamar os bombeiros - profissionais que outrora se dedicavam à extinção de incêndios, mas que agora são os responsáveis pela manutenção da ordem, queimando publicações e impedindo que o conhecimento se dissemine como praga. Para coroar a alienação em que vive essa nova sociedade, as casas são dotadas de televisores que ocupam paredes inteiras de cômodos, e exibem "famílias" com as quais se pode dialogar, como se estas fossem de fatos reais.Este é o cenário em que vive Guy Montag, bombeiro que atravessa séria crise ideológica. Sua esposa passa o dia entretida com seus "parentes televisivos", enquanto ele trabalha arduamente. Sua vida vazia é transformada quando ele conhece a vizinha Clarisse, uma adolescente que reflete sobre o mundo à sua volta e que o instiga a fazer o mesmo. O sumiço misterioso de Clarisse leva Montag a se rebelar contra a política estabelecida, e ele passa a esconder livros em sua própria casa. Denunciado por sua ousadia, é obrigado a mudar de tática e a buscar aliados na luta pela preservação do pensamento e da memória.
Um clássico de Ray Bradbury, "Fahrenheit 451" é não só uma crítica à repressão política mas também à superficialidade da era da imagem, sintomática do século XX e que ainda parece não esmorecer.

Opinião: Não é de hoje que gosto de distopias. A verdade é que ao ler sobre um possível futuro distópico consigo enxergar melhor a realidade, seja para ver esperança ou os pontos negativos. Foi com esse pensamento que adquiri e conheci a obra Fahrenheit 451, um dos clássicos desse tipo de ficção.
Devo alertá-los desde já que está análise será eminentemente crítica e não focada apenas no enredo e escrita, coisa que a sinopse já fez muito bem. A escrita manteve o suspense necessário, e linearidade precisa, clara e concisa como deveria ser, nada de muito diferente a se enfatizar. O enredo trata de um mundo futuro, é válido lembrar de que foi publicada originalmente em 1953, apesar de não precisar o ano em que se passa  a estória, podemos entender que o presente do livro não é tão diferente do nosso presente. A estória aborda a mudança de percepção de um bombeiro, que queimava livros, para um ávido leitor, e basicamente uma expansão da sua mente e realidade.
Manuel da Costa Pinto, brilhante escritor e crítico brasileiro, apresenta seu ponto de vista no prefácio do livro, o qual indico fortemente ser lido. Logo podemos observar o relato da queima de livros na segunda guerra mundial, como um irônico avanço a queima de pessoas na idade média. O livro é apresentado aqui por sua ambientação similar a atual, com exceção as casas a prova de fogo, o que teria originado o desvirtuamento da profissão dos bombeiros, e da desconsideração da leitura e portanto religião, filosofia, sociologia e literatura,  em face  massificação cultural midiática.
Preocupei-me com a identificação a qual encontrei na obra, diga-se de passagem que não é tão difícil materializar a situação caricata da queima de livros com a falência das livrarias e editoras. A massificação cultural se apresenta fortemente pulsante em toda parte, não há mais que se ler vez que pode-se ler resumos, assistir jornal por vídeo e conversar sobre qualquer bobagem. O interesse de Montag em descobrir o porquê das coisas é coisa de gente peculiar hoje em dia, para que saber o porqu
ê das coisas se podemos apenas tê-las?
Beatty é o personagem o qual faz contraponto com nosso protagonista, chefe dos bombeiros, sabe profundamente acerca dos livros e seus escritores, mas que os considera informações excessivas aos homens. Informação de mais, esse não é o medo de muitos? Não leia Marx, os livros de história corrompem, não leia nada que possa te fazer pensar diferente, não leia nada desse tipo, informação demais pode confundir. Ora se apenas o ato de ler é capaz de mudar pensamentos ele decerto é uma arma, e mais decerto ainda sinal de quem lê e por isso apenas muda é que é fraco de opinião. Será mesmo? Penso que livros são poderosos, porém porque tem suas razões para o serem e creio que todos somos capazes de processar o que lemos. Veja, na história a leitura se tornou apenas mecânica, e quando alguém deseja utilizá-la para pensar, era absurdo, heresia, doutrinação!
Por fim, creio que dois trechos de Ray Bradbury são suficientes para esclarecer sobre o que é a obra, brevemente, eis que cabe a mim transcrevê-los:
-" Nos tempos antes de Cristo, havia uma ave estúpida chamada Fênix que, a cada cem anos, construía uma pira e se consumia em chamas. Deve ter sido prima-irmã do homem. Mas, toda vez que se queimava, ressurgia das cinzas e novamente renascia. E parece que estivemos fazendo e refazendo inúmeras vezes a mesma coisa, só que com uma vantagem que a Fênix nunca teve. Nós sabemos a estupidez que acabamos de cometer."
-" Ficção científica é uma ótima maneira de fingir que você está falando do futuro quando, na realidade, está atacando o passado recente e o presente".

segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

ADEUS ANO VELHO, FELIZ ANO NOVO!

365 DIAS.
Todo esse tempo se passou e você ainda sente ter muito para fazer? Ou pior, sente que não fez nada e não sabe o que esperar de 2019?
Sabe, nem sempre vamos chegar ao fim do ano com todos os itens da lista cumpridos, nem sempre tudo vai ser como esperamos ou desejamos, e está tudo bem.
Digo por mim, sinto que realizei muitas coisas em 2018, viajei com amigos, comecei a namorar, entrei em um novo projeto de extensão, conclui meu trabalho no outro projeto, realizei ações no Centro Acadêmico e um evento de que muito me orgulho, adotei dois cachorrinhos lindos, estudei e aprendi muito e principalmente superei muitos desafios.
No entanto, não sinto ter lido ou escrito tanto quanto gostaria, e também acho que poderia ter crescido mais na área profissional. Nada extremo, apenas aquele sentimento de poderia ter feito um cadinho mais.
Só que quando parei pensar na realidade do que vivi, entendo o porque de cada coisa ter sido como foi. Na minha perspectiva, algumas coisas não poderiam ter sido diferentes. E eu sei no meu íntimo que fiz o meu melhor.
Por isso que eu gostaria de aproveitar a oportunidade para dizer:  não se culpe! Mesmo que não tenha dado seu melhor em alguns aspectos, observe tudo o que fez e viveu. Seja a melhor versão de si mesmo, seja você mesmo! ESTÁ TUDO BEM, CADA COISA TEM SEU TEMPO!
2019 bate a nossa porta e pergunta o que queremos, queremos colocar metas realistas, sem pressão. Queremos lazer e saúde física e mental. Queremos uma vida que valha a pena!  O que você quer do seu ano novo?
Pense, sonhe e principalmente, faça o que estiver ao seu alcance para conquistar seus objetivos. Sempre com boas intenções e na medida das nossas forças iremos evoluindo pouco a pouco.
Por fim, aproveito o momento, para postar um trabalho que fiz em comemoração aos 5 anos de O DIÁRIO DA POETISA. Não é nada de mais, trata-se apenas da coletânea dos melhores textos dos últimos anos em que pude observar meu crescimento pessoal e na escrita. Tem vontade de ler mais esse ano? Te convido a conhecer meu material, totalmente gratuito e pode ser baixado a seguir, agradeço desde já pela atenção. Espero que te inspire como me inspirou:

https://www.freepdfconvert.com/d/HFYWZ0G6TI/Livro%20O%20Di%C3%A1rio%20da%20Poetisa.pdf?download=inline

domingo, 16 de dezembro de 2018

O Canário Acinzentado

Era uma noite quente e estrelada em que ele não parava de cantar na minha janela. Ele quem, menino? O canário, oras bolas, meu fiel companheiro Caramba! Como eu senti falta daquele cantar! Foi exatamente uma semana na praia o quanto estive longe da casa. Mas para ser bem sincero creio ter sido muito mais. Vocês já sentiram estar tão longe da realidade que é como se apenas seu corpo se encontrasse presente? Eu sim.
Há mais de um ao Pietro nos deixara, como um furacão e uma tempestade. Era uma noite quente e estrelada como aquela, e meu melhor amigo e irmão saíra para comprar chocolate. Se pensas ser chocólatra é que não o conheceu.
Às 21h 45 alguém bateu na porta, três vezes, não estava esperando ninguém. Será que Aline resolvera me fazer uma surpresa? Desci as escadas com um tanto de preguiça e olhei quem era pelo vão da porta. “Pietro?” Gritei embasbacado e rodei a chave.
Ele entrou rapidamente e trancou a porta novamente. Carregada o chocolate em uma mão e com a outra secava a testa. Nunca o vira tão tenso e suado, quiça quando pediu Marisa em namoro. “Está tudo bem?”; logo, perguntei.
-Não! Está vindo uma tempestade! – seus olhos estavam esbugalhados.
-Uma tempestade? Em BH? – dei uma gargalhada
- Sim! Uma tempestade! E você deveria se esconder! Quando olhei em seus olhos mais uma vez percebi que falava a verdade a menos, a sua verdade!
Corri para fechar todas as janelas do recinto. Pietro deixou o chocolate na mesa e foi buscar algo na dispensa. Os cadeados do meu pai! Surpreendi-me, porém, hesitei em questionar. Como um cadeado ajudaria em uma tempestade?
- Suba, feche tudo e se tranque no banheiro!
Obedeci meu irmão mais velho, como sabia ser o certo, ou pelo menos, acreditava ser. Perguntei por ele e recebi um “me obedeça” seco.
Corri para meu banheiro e tranquei a porta. Minha cabeça latejava como um relógio cuco batendo. Um ruído interrompeu meu pensamento, uma porta foi quebrada. Entrei em pânico, simplesmente não conseguia me mover. Um grito estridente ressoou pela cada, era Pietro!
Assim que processei os fatos desci correndo, mas era tarde demais. Pietro estava estirado no tapete, rígido e de olhos esbugalhados. Ao seu lado estava o canário, aquele que acompanharia todas minhas noites de solidão. 

terça-feira, 13 de novembro de 2018

Gente

A borboleta pousou na rosa branca, seus tons amarelos se destacavam na ausência de cor, que na verdade, é a união de todas as cores. Marina apreciava aquela cena da janela do seu quarto, queria tanto ir lá fora e aproveitar o dia. Mas não, ela não podia.

Já tinha falado trezentas vezes para a mãe que não tinha problema, ela era grandinha, saberia como se cuidar, mas não tinha jeito, dona Élia não deixaria sua princesa sair da sua bola de cristal. Era a mãe mais protetora que se pode imaginar. É, só que Marina entendia o porquê.

Lembrou-se rapidamente de um livro que havia lido há pouco, Estrelas Tortas. Walcyr Carrasco havia a inspirado muito com sua obra. Poucas vezes se sentira tão representada e compreendida. Era como se sempre fosse estranha, diferente, quando na verdade, só queria ser igual.

Considerava-se feliz apesar de suas primas nas festinhas de família olharem com pena. "Coitada, ela nunca vai saber como é brincar conosco". Ah se descobrissem que elas podiam brincar com ela...  Nada custava inseri-la na brincadeira, oras boas!

Inclusão, igualdade, é o que a lei fala, pessoa com deficiência, Marina sabia quem era, uma menina com uma deficiência. Nasceu com as perninhas paradas, e uma mente flutuante. Era cadeirante sim, mas muito mais do que isso, era gente igual a gente.

Não deveria haver porquês de medos, bolhas e impedimentos, a pessoa não é a deficiência! Marina é ela mesma, quem ela quiser!