segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Crítica- O Físico

Já faz um bom tempo que encontrei "O Físico" como filme recomendado na lista de um blog. Eu, curiosa, fui ler sobre o filme e assistir ao trailer, não deu outra, queria porque queria assistir. Demorou alguns meses até que eu finalmente encontrasse o longa. Apesar de tudo isso, a espera valeu a pena, pois a trama me surpreendeu positivamente. Se quiser saber mais da minha opinião é só continuar lendo.

Data de lançamento: 9 de outubro de 2014
Direção: 

Duração: 2h 35min 
Gênero: Aventura, Drama, Histórico
Nacionalidade: EUA, Alemanha

Sinopse:
Não recomendado para menores de 14 anos
Inglaterra, século XI. Ainda criança, Rob vê sua mãe morrer em decorrência da "doença do lado". O garoto cresce sob os cuidados de Bader (Stellan Sarsgard), o barbeiro local, que vende bebidas que prometem curar doenças. Ao crescer, Rob (Tom Payne) aprende tudo o que Bader sabe sobre cuidar de pessoas doentes, mas ele sonha em saber mais. Após Bader passar por uma operação nos olhos, Rob descobre que na Pérsia há um médico famoso, Ibn Sina (Ben Kingsley), que coordena um hospital, algo impensável na Inglaterra. Para aprender com ele, Rob aceita não apenas fazer uma longa viagem rumo à Ásia, mas também esconde o fato de ser cristão, já que apenas judeus e árabes podem entrar na Pérsia.

Obs.: A Opinião contém spoilers
Opinião: Acredito que o enredo tenha sido o ponto alto da trama e também o ponto baixo. Deixe-me explicar melhor. Rob é uma criança com uma vida sofrida, o que vai se estender até sua fase adulta. Em plenos anos 1000 D.C., a higiene e medicina no mundo ocidental se encontram em calamidade. Os únicos que ousam fazer algum tratamento médico (o que incluía de tudo: extração de dentes, cuidado de feridas, amputações, uso de sanguessugas e hidromel como "remédio" e por aí vai) são os barbeiros. E Rob depois de órfão acaba seguindo Bader (o barbeiro viajante) e implorando para deixá-lo viver com este. O jovem demonstra ser curioso desde cedo e já revela seu interesse por saber como era por dentro do corpo humano, mas abrir um corpo morto na época era considerado um crime muito grave.
O interesse do garoto por medicina fica mais claro quando já adulto ele acompanha Bader até um judeu que sabia como curar a doença no olho que estava deixando este cego ( acredito ser catarata). O jovem pergunta aonde o judeu aprendeu aquilo e descobre que foi na Pérsia, na Madrassa de um sábio chamado Ibn Sina, que seria como uma universidade hoje. Porém na Pérsia só eram aceitos muçulmanos, tolerados judeus e abominados os cristãos. O que é que Rob faz? Decide se passar por judeu com os poucos hábitos que sabia, e precisa inclusive se circuncidar (isso é mais importante mais para frente).
Durante a viagem, ele passa por diversos países, pelo mar e pelo deserto e nesse caminho acaba conhecendo a bela Rebecca (É claro que precisava de um romance nessa história). Mas uma tempestade de areia quase o soterra e o leva a crer que a menina fora também soterrada. Já sujo e cansado ele chega à cidade de Ispahan(Ispaã) aonde estava Ibn Sina. Mas é claro que ele é negado, porque não tinha nada para oferecer: nem cartas de recomendação, nem dinheiro. Porém, como que por milagre, depois de ter sido espancado a mando do secretario da Madrassa, quem o negou, ele vai parar no hospital da cidade e conta sua história ao médico, que por sua vez é o próprio Ibn Sina. Dessa forma ele ganha uma chance de estudar lá só pela persistência, faz amizade com o outro judeu da classe e descobre que na verdade Rebecca está viva. Porém, esta estava para se casar com um rico judeu da cidade.
O lado hollywodiano surge na nossa história, Rob- que estava então usando o nome de Jesse Ben Benjamin, mas iremos continuar a chama-lo de Rob- conta a Ibn Sina que pressente a morte das pessoas ao tocar em seu coração. Vamos admitir que é algo legal, afinal o autor tem liberdade poética pra isso. E quando começa a epidemia de Peste Negra é que seu dom será essencial. Nesse momento, o Xá não admite que toda cidade seja evacuada, o que obriga as pessoas a ficarem trancadas em suas casas, enquanto os médicos tomam conta da epidemia. E claro que Rebecca também ficaria doente e sob os cuidados de Rob.
Acredito que a abordagem sobre a Peste Negra seja uma das mais interessantes do filme, porque como disse muito bem nosso protagonista: A doença não poupa ninguém, nem rico, nem pobre, nem velhos, nem crianças... Enfim, é literalmente uma morte em massa. Até que nosso protagonista descobre que os ratos são responsáveis pelo contágio da doença. Admito que o fato de tudo girar em torno de uma só pessoa parece meio forçado, e posso afirmar ser o maior defeito do filme. Ainda, nosso quase herói salva a vida de Rebecca. Ele apenas não consegue se conter de felicidade e meio que esquece que ela era uma mulher casada. Não deu outra: Rebecca fica grávida. 
Nesse meio tempo, Rob conquista a amizade do Xá, que apesar de tirano, demonstra sua inteligência. Rebecca volta para seu marido e tenta disfarçar seu estado físico e emocional. E o ponto alto da trama é quando um senhor, seguidor do zoroastrismo, a beira da morte chega ao hospital e pede para Rob deixar seu corpo para os pássaros comerem, porque o corpo em sua fé era só um recipiente e deveria ter uma utilidade após a morte. Essa é a deixa para nosso menino estudar o corpo humano, com direito a examinar todos os órgãos. Se hoje essa imagem já causa repulsa em alguns, imagine na época. Assim que é descoberto pelo secretário- chato e bem estereotipado- de Ibn Sina, ele e seu mestre vão para julgamento e são condenados a morte. Rob até tentar contar que na verdade ele é cristão, mas ela estava circuncidado... E simultaneamente a gravidez e, portanto, o adultério de Rebecca são descobertos e essa é condenada ao apedrejamento. Mas é nessa hora que Hollywood entra em ação! E é agora que eu paro a história e dou a dica para você assisti-la.
Hollywoodiana ou não, a trama contém uma densidade histórica muito boa. Um cenário não tão assim e um figurino interessante. Mas é na fotografia que o longa se destaca. Ainda gostaria de ressaltar que a atuação não deixou nada a desejar. De forma geral, o único "erro"(depende do ponto de vista) foi o exagero do roteiro em alguns pontos. Por outro lado, um filme de mais de 2h e 30 min que consegue prender minha atenção merece meu respeito. Portanto, você está mais do que convidado para assisti-lo.

Curiosidades: O título correto seria "O Médico', mas por causa de um erro da tradução para o português ficou como "O Físico".
O filme é inspirado no livro " The Physician' de Noah Gordon.

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Tabacaria


Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte disso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo.
que ninguém sabe quem é
( E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes
e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?
...
Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto...

Álvaro de Campos, 15-1-1928
(Fernando Pessoa)

domingo, 31 de julho de 2016

Resenha -A Menina que Roubava Livros

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Chega a ser engraçado pensar que já faz um ano que li esse livro e até hoje não tinha escrito a resenha. Mas tudo bem, ainda é tempo! A Menina que Roubava Livros é um clássico para se ler ao menos uma vez na vida. Posso dizer que o filme é bom também, mas hoje me deterei ao livro.


Editora: Intrínseca
Ano: 2014
Páginas: 478
Sinopse: A trajetória de Liesel Meminger é contada por uma narradora mórbida, porém surpreendentemente simpática. Ao perceber que a pequena ladra de livros lhe escapa, a Morte afeiçoa-se à menina e rastreia suas pegadas de 1939 a 1943. Traços de uma sobrevivente - a mãe comunista, perseguida pelo nazismo, envia Liesel e o irmão para o subúrbio pobre de uma cidade alemã, onde um casal se dispõe a adotá-los em troca de dinheiro. O garoto morre no trajeto e é enterrado por um coveiro que deixa cair um livro na neve. É o primeiro de uma série que a menina vai surrupiar ao longo dos anos. Essa obra, que ela ainda não sabe ler, é seu único vínculo com a família. Assombrada por pesadelos, ela compensa o medo e a solidão das noites com a cumplicidade do pai adotivo, um pintor de parede bonachão que a ensina a ler. Em tempos de livros incendiados, o gosto de roubá-los deu à menina uma alcunha e uma ocupação; a sede de conhecimento deu-lhe um propósito. A vida na rua Himmel é a pseudorrealidade criada em torno do culto a Hitler na Segunda Guerra. Ela assiste à eufórica celebração do aniversário do Führer pela vizinhança. Teme a dona da loja da esquina, colaboradora do Terceiro Reich. Faz amizade com um garoto obrigado a integrar a Juventude Hitlerista. E ajuda o pai a esconder no porão um jovem judeu que escreve livros artesanais para contar a sua parte naquela história. A Morte, perplexa diante da violência humana, dá um tom leve e divertido à narrativa desse duro confronto entre a infância perdida e a crueldade do mundo adulto.


Sobre o livro: Assumo que a diagramação do livro incomoda um pouco no começo e a narradora nos causa  certo estranhamento, mas por outro lado esse foi o grande diferencial da obra. Não é novidade dizer que este livro é narrado pela Morte e que a sutileza desta acalma os fatos tão doloridos da trama meio a Segunda Guerra Mundial. Nao me canso de ler ou assistir filmes com esse contexto pela simples razão de que estes nos despertam uma humanidade sem igual. E é extamante isso que Markus Zusak demonstra em sua história.
Liesel é uma personagem cativante por si só, ela demonstra grande força interior ao encarar a triste realidade da guerra e a perda da família. Como pode-se ver pelo título, Liesel rouba livros, mas que fique claro que ela tem suas razões. Como sabemos os livros se tornam artigo de luxo em épocas de guerra, sendo que já eram menos acessíveis no passado, quem dirá livros de autores os quais o sistema não apoiava. Há inclusive um trecho do livro em que vários livros são queimados em praça pública! Admito que isso que me deu um aperto no coração tremendo.
Nossa protagonista conhecerá seus pais adotivos, os Hubermann, e acabará por descobrir uma nova família. Uma mãe, Rosa, um pouco brava, porém com um coração enorme. E um pai, Hans, com um coração de ouro tocador de acordeão. Falando em acordeão, chegamos a história dele. O instrumento fora presente de um amigo judeu falecido na Primeira Guerra Mundial. Durante a trama o filho deste amigo, Max, se esconde no porão da casa dos Hubermann e ambos de desenvolvem uma bela amizade. 
Ele porém, não é o único amigo da menina. Liesel e Rudy, seu vizinho "o garoto de cabelos cor de limão", chegam a emocionar. Mas é o todo da história mesmo e dos vários livros lidos pela menina que constroem essa obra tão sensível e cativante. O livro chegou ao cinema e agradou bastante a mim como adaptação, não por ser perfeita, mas pela sensibilidade. A história pode ser fictícia, mas o contexto é real. Os anos retratados da vida da personagem são cheios de detalhes, altos e baixos e personagens interessantes, mas isso é coisa que só se entende lendo...





domingo, 24 de julho de 2016

Menos preconceito, mais tolerância

"O primeiro homem que cercou um pedaço de terra e disse que era sua propriedade e encontrou pessoas que acreditaram nele foi o fundador da sociedade civil. Daí vieram muitos crimes, muitas guerras, horrores e assassinatos que poderiam ter sido evitados se alguém tivesse arrancado as cercas e alertado para que ninguém aceitasse este impostor. Não podemos esquecer que os frutos da terra pertencem a todos nós e a terra a ninguém" Sem conhecer a autoria do texto, pode-se facilmente ler e acreditar que Marx ou algum revolucionário (lê-se esquerdista) o escreveu, não é mesmo? Ledo engano, esse trecho pertence a Rousseau, grande teórico da democracia. 
Poderia eu parodiá-lo e dizer que "O primeiro homem que cercou um punhado de ideias e disse que eram certas e encontrou pessoas que acreditaram nele - e outras que discordaram- foi o fundador do preconceito." Parece estranho, não é mesmo? Que nossa sociedade tão democrática ( será?) visualize pensamentos de crítica às estruturas sociais ou à mentalidade formal das pessoas como esquerdista ou qualquer coisa do gênero. 
Mas não, não estou aqui para discutir direita e esquerda. Longe de mim querer escolher entre um dos lados, afinal, isso seria me contradizer. Quando tento não polarizar a sociedade estou fazendo uma crítica ao preconceito; a toda espécie de preconceito. Não serei hipócrita, é claro, para dizer que não os tenho, todos temos, infelizmente.
O primeiro preconceito que perpetua milênios, isso mesmo, milênios: Povos sempre tiveram preconceitos entre si. Ser hostil com o diferente parece intrínseco ao ser humano, seria um mecanismo de defesa? Deixo essa pergunta para a psicologia. Mas fato é que o ser humano é preconceituoso contra as etnias diferentes da sua, e só pela educação e conhecimento é que superamos isso. Sem estigmatizar um preconceito de brancos versus negro, mas no sentido geral, de todos contra todos. Ou vai me dizer que não existe preconceito contra asiático, europeu ( talvez no ocidente não tanto, porque aqui eles são referência, mas nem todo mundo gosta da Europa), árabes, indígenas e até contra os brasileiros. (Sim, nem todo mundo nos ama!). Sempre que penso nesse tipo de preconceito, vejo como somos mais animais do que racionais...
Outro tipo de preconceito bastante antigo é contra o físico, mas não por questões étnicas, como a cor da pele, mas contra o modelo físico. Em épocas, ser gordo era bem visto, em outras, magro; em épocas nariz grande era bem visto, em outras, não... A cada dia mais vemos como esse tipo de preconceito se fragmenta, porque são tantas opiniões divergentes que é difícil ele se consolidar.(Ufa! Que bom!)  Ou vai me dizer que nunca olhou para alguém com o olho meio torto e deu uma risada interna? Mas tudo bem, o quesito de beleza faz parte da atração humana. Só tento não deixar que os estereótipos quanto à aparência sejam levados as últimas consequências ou me impeçam de conhecer as pessoas.
Falando de estereótipos chegamos a outro preconceito milenar. ( É impressão minha, ou o ser humano desenvolveu preconceito antes mesmo de descobrir o fogo?) A religião vem criando embates desde... Desde quando? Desde sempre, eu acho. Se parar para pensar ninguém tem a mesma fé, as pessoas podem até seguir os mesmos dogmas, seres superiores, e bases de origem, mas todas pensam diferente. Ninguém conceitua sua fé do mesmo jeito, o que é completamente natural, talvez seja porque  não somos máquinas! (pelo menos, não ainda). Pensando deste modo, ter preconceito contra a crença dos outros parece absurdo, mas é real.  Quer provas do que eu digo? Pergunte a duas pessoas da mesma fé para conceituarem Deus, em suas próprias palavras. Elas dirão a mesma coisa, certo? Errado, provavelmente eles descreverão de forma bem diferente, ainda que com palavras similares, por causa do seu livro religioso e orientadores (padre, pastor, sacerdote...), se este for o mesmo. Mas deixemos esse assunto por aqui, porque isso de fato é algo para se endoidecer. Fiquemos apenas coma  ideia de que é preciso conhecer as diversas religiões e entender que assim como você não gosta de ter sua crença ofendida, os outros também não gostam. Poderia me delongar durante dias falando sobre esse tema mais vou me conter aqui. Concluirei a mensagem de forma genérica: Deixar que alguém te imponha certa ideia e diga que ela é certa ou melhor do que a do outros é ignorância e falta de bom senso. É interessante pensar que Hitler era só um homem com preconceitos, em quem as pessoas acreditaram, com poder. Quem cada um de nós seria se tivesse poder? Um Calígula? Ou um Nelson Mandela? Sem mais vitimização, sem mais preconceito e com  mais tolerância.
Giovana de Carvalho Florencio 
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domingo, 17 de julho de 2016

A Beleza Está Na Simplicidade

Você já parou para prestar atenção nos pequenos detalhes do dia a dia? Isso mesmo, seja enquanto caminha na rua, olhando pela janela do carro ou ônibus... Parar para olhar as estrelas no céu parece mágico nessa nossa vida frenética.  Às vezes penso em como nem prestamos atenção na beleza ao nosso redor.  Beleza é um conceito tão variado, tão peculiar e intrínseco a cada um de nós! Porém, uma coisa é certa, não é preciso de muito para encontrá-la. 
Algo que me chamou atenção esses dias foi a quantidade de árvores floridas onde moro. Um dia em especial, uma árvore chamou minha atenção. Era de um verde vívido com belas flores cor de rosa. Fiquei apreciando aquela cena por algum tempo e me senti preenchida de grande euforia. Como eu podia ser tão tola a tal ponto de não enxergar essas pequenas belezas do dia a dia? Como podemos ignorar a beleza da vida?
Já faz tempo que comecei a olhar o mundo com outros olhos. Desde quando entendi as nossas limitações, que o ser humano não é perfeito, mas isso mesmo que o faz belo. Um sorriso ou um olhar alegre contam muito mais do que os padrões de beleza impostos pela sociedade. A beleza está mais na felicidade do que nos esteriótipos.
Como disse antes em Quem inventou a perfeição? Ninguém deve e pode te impor um ideal de beleza, a não ser você mesmo. O belo está nos pequenos detalhes, no que cada um gosta de si. Pedir para que todos concordem em seus gostos é mais difícil do que encontrar uma agulha num palheiro. A perfeição não é algo alcançável, portanto buscá-la é como correr atrás do sol.
Sem voltar a questão de "O que é beleza?" ou partir para um lado moralizador, quando digo que a beleza está na simplicidade, não tenho pretensão alguma em criar um molde desta. Do contrário, ao dizer isto, tento mostrar como não é preciso ir muito longe para achar o belo. Porque este está bem perto de nós, em um ponto de vista pessoal. Por isso mesmo, olhar mais ao nosso redor pode ser bem mais surpreendente do que o imaginado.

domingo, 10 de julho de 2016

Crítica - Como Eu Era Antes de Você



Logo que soube desse filme fiquei interessada. Assumo que li o livro por causa do trailer do filme, é por isso que sempre digo que as adaptações tem a sua utilidade: fazer as pessoas lerem. Devo dizer que gostei bastante do livro ( como já contei na Resenha). Mas ironicamente, o filme que me inspirou, me desanimou. Quer dizer, é um filme bom, mas também deixou a desejar. Na análise a seguir explico minhas razões.


Data de lançamento: 16 de junho de 2016 

Direção:
Duração: 1h 50min 
Gênero: Drama, Romance
Nacionalidade: Reino unido


Sinopse: Rico e bem sucedido, Will (Sam Claflin) leva uma vida repleta de conquistas, viagens e esportes radicais até ser atingido por uma moto, ao atravessar a rua em um dia chuvoso. O acidente o torna tetraplégico, obrigando-o a permanecer em uma cadeira de rodas. A situação o torna depressivo e extremamente cínico, para a preocupação de seus pais (Janet McTeer e Charles Dance). É neste contexto que Louisa Clark (Emilia Clarke) é contratada para cuidar de Will. De origem modesta, com dificuldades financeiras e sem grandes aspirações na vida, ela faz o possível para melhorar o estado de espírito de Will e, aos poucos, acaba se envolvendo com ele.

Opinião:  A história é simples e já foi comentada aqui no Blog, então a questão chave do filme que será abordada é a técnica. Primeiramente vamos falar dos acertos da obra. O cenário estava muito bem construído e detalhado, não me lembro de nenhuma adaptação tão fidedigna às descrições feitas no livro sobre o espaço. Também o figurino, mesmo que não seja 100% fiel aos descritos( mas isso também seria demais, não é?) foram muito bem construídos. As roupas espalhafatosas de Louisa e o belo vestido vermelho acertam na mosca e nos fazem dar boas gargalhadas ( o que foi aquela meia de abelinha?). A fotografia é outro ponto que merece destaque. O conjunto visual da obra ajudou, mas os ângulos e a resolução da imagem realmente ficaram realmente bons. 
Quanto as atuações não estou totalmente certa. Isto é, Sam Caflin atuou muito bem e transmitiu verossimilhança ao espectador, e merece reconhecimento pelas dificuldades físicas do papel. Enquanto isso, Emilia Clarke abusou das expressões faciais e fez a comédia ficar boa, porém, não posso dizer a mesma coisa sobre o romance. Clarke não me convenceu em seu amor para com Will, talvez a atriz precisasse desenvolver melhor sua atuação com romance. As atuações em um todo ficaram boas. No entanto, a comédia prevaleceu ao drama por parte dos atores em geral, o que me deixou meio desapontada.
Outros dois desapontamentos foram sobre a Trilha Sonora e o Roteiro. Sobre a trilha sonora, a decepção partiu das grandes expectativas inicias. É que as músicas são muito boas, mas sinceramente acho que os cortes e os posicionamentos delas nas cenas poderiam serem diferentes. Há alguns momentos em que senti falta de música e outros que achei desnecessário. Enquanto isso, o Roteiro parece não ter sido bem explorado, há certa estranheza em dizer que ele foi produzido pela própria escritora. Nas cenas do filme, Louisa parece apenas uma boba alegre e sua mudança não é tão significativa como no livro. E sobre Will, ouvi muitos comentários de pessoas que não leram o livro de interpretarem o seu desfecho como algo negativo, o que na verdade está mais para uma crítica à própria vida do que qualquer outra coisa. Creio que esse mal entendido seja por causa de algumas cenas cortadas. Talvez seria melhor fazer um filme com mais 30 minutos e desenvolver melhor os personagens...
Por fim: Em um aspecto geral "Como eu era antes de você" é um filme bom. Vale a pena assistir pela ideia central da história, mas o livro supera o filme, então mais do que qualquer outra coisa, leia! 

sábado, 2 de julho de 2016

Anatomia da alma

Meus pulmões estão cheios de esperança
Inspiro medo, expiro vontade
Meu coração pulsa segredos
Sístole, diástole, o sangue corre 
Pelas minhas veias os sonhos

Meu nariz cheira desconfiança
Olhos feitos de vidro contra falsidade
Ouvidos de aço contra sonhos ledos
Ouço o grito de cada neurônio que morre
E minha boca mastiga mais sonhos

Meu pescoço torce, destronca, quebra
Há pavor em minhas entranhas
Meu estômago digere toda uma era
Enquanto meus pés pisam em causa ganha
Mas minha alma, essa apenas e só sonha