domingo, 26 de junho de 2016

Resenha- Tudo e Todas as Coisas

No meu último aniversário ganhei um livro bastante peculiar. (Já deixo uma menção aqui, podem me presentear com livros, cartões presente para livrarias e por aí vai. rsrs ) Peculiar é claro, em um sentido positivo, digo pela diagramação. Você ainda não viu? Tudo e Todas as Coisas (Everything Everything) é um livro bastante curioso e criativo. De forma dinâmica a autora consegue entreter e envolver  o leitor. Admito que no final fiquei até com aquele gostinho de quero mais.
Tudo e Todas as Coisas


Editora: Novo Conceito
Ano: 2016
Páginas: 304
Sinopse: "Minha doença é tão rara quanto famosa. Basicamente, sou alérgica ao mundo. Qualquer coisa pode desencadear uma série de alergias. Não saio de casa. Nunca saí em toda minha vida. As únicas pessoas que já vi foram minha mãe e minha enfermeira, Carla. Eu estava acostumada com minha vida até o dia que ele chegou. Olho pela minha janela para o caminhão de mudança, e então o vejo. Ele é alto, magro e está vestindo preto da cabeça aos pés. Seus olhos são de um azul como o oceano. Ele me pega olhando-o e me encara. Olho de volta. Descubro que seu nome é Olly. Talvez eu não possa prever o futuro, mas posso prever algumas coisas. Por exemplo, estou certa de que vou me apaixonar por Olly. E é quase certo que será um desastre."



Sobre o livro:

 Imagine que você é alérgica ao mundo, exatamente à tudo e todos, que qualquer coisa pode servir de gatilho para sua eminente morte. Mórbido? Não tanto. Nicola Yoon aborda temáticas muito fortes de uma forma bastante leve. A obra trata de temas como violência doméstica, problemas psicológicos e até morte. Envolta em tudo isso está a trama central: Madeline possui uma doença extremamente rara que a obriga a não sair de casa basicamente desde que era um bebê. Ela vive uma vida hermeticamente fechada, literalmente, porque sua casa é lacrada e qualquer pessoa para vê-la precisa passa por um purificador; as duas únicas pessoas com quem ela tem contato são sua mãe e a enfermeira Carla. Apesar disso tudo, Madeline se considera uma pessoa feliz, ela estuda online e passa o seu vasto tempo livre lendo, lendo e lendo.
   Tudo isso vai mudar com a chegada de Olly, o novo vizinho. Aparentemente recluso, Olly começa a conversar com a vizinha pela internet e eles se tornam amigos. Essa amizade basicamente vai levar a uma outra coisa. Madeline pela primeira vez sente-se com muita vontade de conhecer o mundo. Isto é, mesmo que o mundo venha a matá-la. E esse é o grande embate da personagem, antes de conhecer Olly tudo era simples, mas após ele, ela passa a questionar toda a realidade ao seu redor.
   Devo elogiar a autora pela originalidade quanto ao estilo de escrita e diagramação, que por sua vez tornaram a obra muito mais fluida. Além das reviravoltas da trama, porque todo bom livro precisa de algumas reviravoltas. E preciso mencionar como gostei das intertextualidades com outros livros, pois isso é muito interessante e construtivo. Por fim, digo que esse livro é daqueles bem gostosos de ler, nos faz pensar em como muitas vezes vivemos em nossas redomas de vidro, seja por nossa culpa ou não. Portanto, quem tiver a oportunidade devia ler.

domingo, 19 de junho de 2016

Três anos de "O Diário da Poetisa"

Três anos atrás, eu recém tinha dado fim a meu antigo blog quando conheci a plataforma do Blogger. Estávamos no auge das manifestações de 2013 e minha cabeça fervilhava de idéias. Foi assim que nasceu "O Diário da Poetisa".
Decidi seguir uma linha mais adulta, e repaginei minhas postagens para algo mais consistente. A princípio comecei com poesias e algumas opiniões ( sabe aquelas coisas que parecem estarem entaladas na nossa garganta?) e fui evoluindo para as crônicas, resenhas e críticas de filme. Depois criei o Instagram e se tornou o que é hoje. Gostaria de ir além, porém, vou deixar as coisas fluírem.
O Blog conta muito sobre mim, sobre minha evolução como ser humano também. Além disso, é possível entender os contextos sociais pelas postagens. Pois é, no final das contas nossos registros são muito mais do que meras expressões.
Por enquanto são três anos e não sei quantos mais virão, prefiro ir seguindo meu coração. Vou escrevendo, me tornando uma pessoa melhor e aprendendo a cada dia mais. Mas sem me calar quando vejo algo errado. Colorindo minha vida e sem saber quem leu ou não, continuarei a escrever o meu "diário" de poetisa.
Beijos e muito obrigada a todos que lêem, acompanham e apoiam a ideia.

 Segue a primeira postagem aqui do blog:

A luta do Brasil


"Brasil, Terra que luta pelo que crê! 
Povo brasileiro que quer mais é viver! 
Vamos reivindicar o que é direito!
Vamos lutar pelos nossos preceitos!
Mas sem se esquecer da dignidade! 
E da decência para proteger o que é nosso! 
Que é nosso por direito, vamos cobrar! 
Sem violência, e sem perder a razão!"
Giovana de Carvalho 

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Os dias em que dá vergonha de ser "ser humano"

Tem alguns dias em que seriamente sinto vergonha de ser "ser humano". Nós, no auge da nossa racionalidade (será?) nos tornamos cada vez mais egoístas. É cada um preocupado com seu próprio umbigo. A vida não é fácil, claro que não, tudo é corrido, aula, trabalho, leitura, amigos, problemas e quando dá lazer. Uma coisa é se preocupar consigo mesmo e sua autoestima, outra é ignorar o mundo ao nosso redor.
A princípio quero falar do primeiro caso que me chocou recentemente: o "estupro coletivo" da adolescente de 16 anos. Me entristece o fato de algumas pessoas justificarem o ocorrido com "ela mereceu", ou "se estivesse em tal lugar não teria ocorrido isso". Acho que não estamos mais no paleolítico para agirmos como animais, mas deveríamos usar a razão que nos foi dada. Parece que nosso país de raízes cristãs não aprendeu a lição de que ninguém deve atirar pedras uns nos outros, porque todos somos falhos, não é mesmo? E então entro no fato em si, a menina está com sua vida arruinada por causa de uns moleques ( não tenho palavra mais delicada para nominá-los) vazios, que não sabem respeitar outro ser humano e ainda querem expô-lo ao ridículo. A intimidade é uma das poucas coisas pessoais que temos domínio, colocá-la a exposição, ainda quando é por consentimento próprio, é deveras agressivo. E para deixar esse ocorrido como reflexão fica a mensagem: não são as marcas físicas, “digitais” e sociais que ficam, mas as psicológicas, afinal a vida dela e da família nunca mais será a mesma.
O segundo fato recente que me injuriou foi a morte do Gorila no Zoológico, em Ohio- EUA. Retirar o animal de seu habitat natural já é muito cruel, agora querer torná-lo o vilão da história é pior ainda. Não é possível prever as atitudes deste, nosso estudo da parte emocional e racional dos animais ainda está em desenvolvimento. Mas creio eu que o maior problema está na reincidência de ocorrentes de mortes a animais por descuido do homem. Os pais foram descuidados com a criança e  possivelmente  o zoológico poderia ter injetado um sedativo  no animal( ainda que em altas doses). E ao final das contas, quem são os animais que os zoológicos expõe? São animais recolhidos porque já estavam fora de seu habitat, como no caso do comércio ilegal de animais silvestres ou dos que já nasceram em reservas e zoológicos? Não sou contra zoológicos, acho que tem sua importância social e cultural, mas precisamos repensar como temos lidado com os animais.
E por fim, o recente ataque em Orlando. A que ponto chegamos, não é mesmo? Invadir uma boate, com a justificativa de ela atender público LGBT (justificativa de que, aliás?), e matar a queima roupa pessoas aleatoriamente. O que uma vida vale? Faz algum sentido utilizar a religião para retirar a vida de outrem? Creio que ainda é cedo para denominar o ato como terrorista, mas acredito que tenha um gancho nessa ideia. Povos antigos já sacrificavam aqueles que diferiam deles e ofereciam a seus deuses, infelizmente na Idade Média (e até certo tempo atrás ainda) a Igreja fez uma inquisição e matou todos aqueles que julgava impuros, errados, pecadores e por aí vai. Parece que o tempo passa e certas coisas não mudam nunca. 
Concluo com um pensamento e uma citação: Respeito é o essencial para vida, só devemos fazer para o outro, quem quer que ele seja, o que não nos importaríamos se fizessem para nós e ainda acima disso aceitar as diferenças e o espaço pessoal.(Afinal eu posso não gostar de algo que você gosta, por exemplo.)

"Nunca perca a fé na humanidade, pois ela é como um oceano. Só porque existem algumas gotas de água suja nele, não quer dizer que ele esteja sujo por completo."
Mahatma Gandhi

Fonte:
http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2016/06/1780998-massacre-em-orlando-o-que-se-sabe-ate-agora.shtml
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2016/06/1779353-policia-do-rio-tenta-reconstituir-30-horas-em-estupro-de-garota.shtml



domingo, 5 de junho de 2016

O Show de Truman

A forma com que conheci esse filme é bem peculiar. Estava eu refletindo sobre a atuação de atores típicos da comédia em filmes dramáticos quando decidi procurar alguns trabalhos destes no drama (que por sinal é um dos meus tipos favoritos de filme ). Quando encontrei 'O Show de Truman" admito ter ficado com um pé atrás, será que Jim Carrey se sairia bem em um drama? Mas é então que fui surpreendida, ele não só se sai bem como traz um humor crítico que casa muito bem com o drama.



Lançamento 
Dirigido porPeter Weir
Duração1h43min
GêneroComédia, drama e ficção científica
NacionalidadeEUA



Sinopse
:Truman Burbank (Jim Carrey) é um pacato vendedor de seguros que leva um vida simples com sua esposa Meryl Burbank (Laura Linney). Porém algumas coisas ao seu redor fazem com que ele passe a estranhar sua cidade, seus supostos amigos e até sua mulher. Após conhecer a misteriosa Lauren (Natascha McElhone), ele fica intrigado e acaba descobrindo que toda sua vida foi monitorada por câmeras e transmitida em rede nacional.


Opinião: A história é aparentemente simples e não traz grandes emoções, a não ser em momentos específicos. Truman nasceu em um show de TV e vive como o "protagonista" da história de sua vida que é exibida sem parar. Só tem um pequeno detalhe em tudo isso, ele não sabe de nada.
Imagine que toda a sua vida tenha sido uma grande mentira e que você 
seja apenas um personagem. Desde o conceito de ser humano ao drama de milhares de adolescentes, podemos analisar essa obra de diversas perspectivas. Considerando que somos condicionados muitas vezes pelas situações que nos cercam e coisas que vão além de nosso alcance somos quase tão vigiados quanto Truman.

Mas ainda podemos agradecer por termos livre escolha, do que queremos para nossas vidas, ainda que limitados. E é essa a grande sacada do filme, Truman tecnicamente pode simplesmente sair do estúdio e tudo acaba, mas ele está lá há tanto tempo...  O que ele seria no mundo real? Quem ele seria? Será que nos deixamos presos por medo? Ficam as reflexões.

sábado, 28 de maio de 2016

Crônica- Linha 63

Mirela voltava todos os dias de ônibus para casa, porque ela basicamente estudava do outro lado da cidade. Era quase sempre o mesmo roteiro, mas aquele dia em particular a marcou. Esperara no ponto até 12:30. Espremeu-se igual a uma sardinha até que o ônibus parasse no terminal mais próximo, foi quando enfim conseguiu um lugar para sentar.
Pelos próximos quinze minutos apenas apreciou a paisagem das pessoas, uma mais diferente do que a outra. Encontrou de tudo, de uma senhora com o aparelho de audição desregulado a um casal apaixonado.  Algumas pessoas estavam ansiosas e sérias, prontas para ir trabalhar ou malucas para chegar em casa. Tinha uns dois que comiam uma paçoca e sorvete, tranquilamente, sem preocupações. E claro, tinha ela.
Mirela estava apenas sendo ela: observadora. E enquanto fazia isso sua mão agitada arranhava as unhas na calça, quem a visse juraria que estava nervosa. Foi então quando o ônibus parou em um ponto bem cheio e entraram muitas pessoas. Logo que viu uma senhora, ela se levantou e cedeu o lugar. Já em pé avistou um amigo sinalizando à uma senhora para sentar, mas pelo visto ele não foi muito bem entendido, porque esta se afastou gritando tarado! Mirela debulhou a rir.
Não estava tão longe do seu destino, pelas suas contas eram apenas mais cinco ou seis quadras. Enquanto não chegava lá cantarolava algo em sua cabeça, talvez Madonna ou  Beyoncé, mas ainda acho que seria U2. Ou algo mais para Coldplay. Ou ainda quem sabe uma mistura disso tudo. Foi uma música tão envolvente que quando se deu conta o ônibus estava passando pelo seu lugar de parada. Ela puxou a cordinha, mas não dava mais tempo, teve que esperar pelo próximo ponto.
Quando desceu estava muito agitada, não acreditava em sua distração. Agora teria de andar mais três quadras. Chamou-se de burra até chegar em casa e se estirar no sofá. Almoçou e meia hora depois ligou a TV para ver o jornal. O jornal local falava de um assalto terminado em morte naquele mesmo dia. Não disseram nome da vítima nem idade, apenas mencionaram que ela tinha acabado de descer do ônibus quando fora abordada por dois marginais que tentaram assaltá-la, mas pela negativa se assustaram e acabaram disparando a arma, uma 38, para ser mais específica.
Ela colocou a mão na barriga, seu estômago revirara, seria indigestão? Ou o sentimento conflitante de saber que alguém que estivera no mesmo ônibus que ela morrera? Podia ser a senhora da audição, o casal, a senhora para quem cedera lugar, o conhecido, alguém ansioso para chegar em casa e que nunca chegaria. Podia ser qualquer um!

A linha 63 a proporcionou vários aprendizados como ser humano. Várias paisagens de pessoas e realidades. Mas acima disso tudo, lhe proporcionara humanidade. Aquilo mudaria para sempre sua visão de mundo, sua visão de gente, de vida e de morte também... Ah e só para constar, quem fora morto era uma mulher quem Mirela sequer tinha prestado atenção, ela era só mais uma na sociedade, não é mesmo?
Giovana de Carvalho Florencio

sábado, 21 de maio de 2016

Resenha- O Sol é Para Todos



Oi, pessoal! Hoje estou aqui para falar sobre um livro incrível, escrito por Harper Lee. E o mais interessante é a visão apresentada. A perspectiva central, ou seja da personagem que narra os fatos,  é como se ela tivesse rememorando os fatos da infância dela e com uma visão muito angelical, aquela visão de quem está descobrindo o mundo.  O que suavizou fatos tão duros.



Editora: José Olympio- Record

Ano: 2015 
Páginas: 364
Sinopse:Um livro emblemático sobre racismo e injustiça: a história de um advogado que defende um homem negro acusado de estuprar uma mulher branca nos Estados Unidos dos anos 1930 e enfrenta represálias da comunidade racista. O livro é narrado pela sensível Scout, filha do advogado. Uma história atemporal sobre tolerância, perda da inocência e conceito de justiça.
O sol é para todos, com seu texto “forte, melodramático, sutil, cômico” (The New Yorker) se tornou um clássico para todas as idades e gerações.
Curiosidades:
• Com nova tradução e projeto gráfico, este clássico moderno volta à cena, justamente quando a autora lança uma continuação dele, causando euforia no mercado.
• Desde o anúncio de sua sequência, O sol é para todos é um dos livros mais buscados e acessados no site do Grupo Editorial Record.
• Já vendeu mais de 30 milhões de cópias nos Estados Unidos e, no último ano, ganhou a recomendação do presidente Barack Obama, que proferiu o seguinte elogio: “Este é o melhor livro contra todas as formas de racismo”.
• Vencedor do Prêmio Pulitzer.
• Escolhido pelo Library Journal o melhor romance do século XX.
• Eleito pelos leitores de Modern Library um dos 100 melhores romances em língua inglesa.
• Filme homônimo venceu o Oscar de melhor roteiro adaptado.

Sobre o livro:
A história se passa no interior dos EUA no Alabama, em uma cidade chamada Maycomb, e basicamente aborda sobre o preconceito, tendo como foco o racismo. Mesmo em  obras como 12 anos de escravidão ou em E o Vento levou não vemos uma visão com um embate tão reflexivo sobre o preconceito, principalmente no cotidiano.
Como eles lidavam com essa situação, na época? Eles simplesmente achavam isso muito normal, com um certo pensamento de que uns eram inferiores aos outro. E olha que alguns ainda pensam assim. Sendo que já sabemos que somos só uma raça, porque as diferenças genéticas são mínimas. A partir daí começamos a refletir sobre muitas coisas.
O livro é divido em duas partes, a primeira conta sobre os personagens. A protagonista, Jean Louise, a quem todo mundo chama de Scout e o irmão dela- Jeremy, mas chamado por Jem, são os personagens centrais. O livro mostra a fase de crescimento deles, e a puberdade dele, aquela fase de 10 a 13 anos. O interessante é que podemos acompanhar o amadurecimento dos personagens.  
Tem algumas partes engraçadas também. Um amigo deles, Dill,  vai todo verão passar as férias na casa da tia. Ele e Scout tem um amor muito puro e infantil, eles brincam que são noivos.  Há um dia que sua tia vai morar com a família no intuito de instruí-los, já que as crianças são órfãs de mãe. Essa tia diz para Scout que vai acompanhar seu crescimento até esta se tornar uma mulher, ensinar a se portar como tal para o dia em que começar a gostar de rapazes. A menina fica abismada com a ideia de gostar de um menino, sendo que é "noiva" de Dill. Essa doçura com que os personagens são mostrados é muito bacana.
Essa tia deles é muito mandona, ela se preocupa muito com o nome da família, com as aparências e tal, mas ainda assim não é uma pessoa má, como vamos percebendo ao longo do livro. Tem a funcionária deles, que é uma negra chamada Calpúrnia. Eu realmente gostei dela, ela demonstra ser uma pessoa muito forte. Tem uma parte que ela leva os meninos para a igreja dela, a qual era só para negros. Eu pensei “nossa, que coragem". Porque existia o preconceito contra os negros, mas também dos negros contra os brancos. Eles não se misturavam. Por exemplo, tem uma parte em que somos apresentados a um personagem mestiço, mas ninguém o quer. Os brancos não o integra,m pois para eles, ele é negro. Os negros não o integram, pois para eles, ele é branco. Até pouco tempo atrás ainda existia muito disso, porque demorou certo tempo até que a miscigenação revertesse isso.
Temos ainda o pai deles, um advogado chamado Sr. Finch. Ele é um ótimo exemplo de pessoa: se preocupa com todos e compreende o mundo de uma forma geral. Além disso, educa os filhos sem bater, mas pela conversa e pelo diálogo, sempre esclarecendo suas dúvidas. É um homem muito a frente de seu tempo, definitivamente.  Este personagem é o que mais critica a questão do racismo, nem tanto por palavras, mas por ações.
Na segunda parte do livro é que acontecem as coisas. Tudo aborda uma defesa do Sr. Finch: Tom.  Este personagem é um negro acusado de ter abusado sexualmente de uma menina. Essa é filha do Sr. Ewell, este já não era bem considerado na cidade, pois ele e sua família viviam de ajuda do governo, moravam afastados da cidade e não trabalhavam. E esse rapaz, Tom, passava todo dia pela casa deles quando ia ao trabalho. Então, a menina pediu-lhe para ajudá-la com pequenos serviços na casa, como cortar madeira. E com o tempo, ela se sentiu atraída por ele. Sendo que na verdade ele era casado e só estava com dó dela. Isso choca muito a sociedade da época: como um negro teria dó de uma branca? Mas nós hoje sabemos que a pena não tem nada a ver com cor, não é mesmo?
A menina passava todo dia em casa, cuidando dos irmãos mais novos, com um pai semi bêbado, afinal, Tom tinha todas razões para ter pena dela. Mas tudo acontece quando ela tenta beijá-lo e o Sr. Ewell vê. Tom foge e o pai a agride. E é então que ele tenta culpar o rapaz de tê-la abusado. Mesmo assim fica muito claro no livro o que aconteceu. Essa  atitude dos Ewell vem por vários motivos, primeiro o racismo e depois por defender o nome da família. Mas o pior mesmo é durante o julgamento de Tom...
É muito triste ver como o preconceito era e por vezes ainda é. Vemos esse preconceito de várias formas. Como quando Scout pergunta ao pai porque mulheres não podiam serem juradas. São assuntos assim: o direito da mulher, o direito do cidadão, o direito do negro, de todas pessoas como iguais.
Tem um personagem chamado Arthur que passa o tempo todo dentro de sua casa. Ele teve uma adolescência conturbada e depois disso decidiu ficar recluso. As crianças querem que ele saia de casa, porque elas estão curiosas, e há várias histórias sobre a casa deles. Então, descobrimos que ele ficou dentro de casa porque ele queria ficar, porque achava melhor assim. No sentido: O mundo exterior é muito cruel. Apesar de tudo, ele está presente na vida das crianças e os ajuda no fim da história.
Além disso, tem outros personagens que amarram a história. Como os Cunninghams, que vivem de agricultura, e ainda devemos lembrar que a história se passa na década de trinta, logo após a crise de 29.  Aborda essa questão da pobreza, também. Ainda que o foco do livro seja a igualdade.
Refletindo sobre o título "To Kill a Mokingbird", Mokingbird seria o pássaro cantante, o qual sua única função é cantar, então matá-lo é como matar o direito à vida. Essa é a ideia central da obra. O título em português apesar de ter sido escrito de forma bem diferente, ficou com um sentido muito bom. O escritor Edwin Bruell resumiu o simbolismo quando escreveu em 1964, "'To kill a mockingbird é sobre matar o que é inocente e inofensivo, como Tom Robinson.
O livro é de 1960 e existe um filme de 1962 que até onde sei é muito bom. Eu ainda não encontrei para assistir, mas acredito que valha a pena.
Para concluir, há um trecho em especial que eu gostaria de citar:
" — Antes de terminar, só mais uma coisa, meus senhores. Certo dia, Thomas Jefferson disse que todos os homens são criados iguais.[...]Ao contrário do que algumas pessoas nos querem fazer acreditar, nós sabemos que os homens não são criados iguais... uns são mais espertos do que outros, há pessoas que têm mais oportunidades porque nasceram com elas, alguns homens ganham mais dinheiro do que outros, algumas senhoras fazem bolos melhores do que outras... algumas pessoas nascem mais dotadas do que a maioria das restantes. «Mas há um aspecto, neste país, em que os homens são criados iguais... há uma instituição humana para a qual um pobre é igual a um Rockefeller, um homem estúpido é igual ao Einstein e o ignorante é igual ao reitor de uma universidade. Meus senhores, esta instituição é um tribunal. Tanto pode ser o Supremo Tribunal dos Estados Unidos como o mais humilde dos tribunais do país, ou até mesmo este venerável tribunal que servimos. Tal como todas as instituições humanas, os nossos tribunais também têm as suas falhas, mas os tribunais deste país são os grandes niveladores e nos nossos tribunais todos os homens são criados iguais. «Não sou um idealista que acredita firmemente na integridade dos nossos tribunais e no sistema de júri... isso para mim não é um ideal, mas sim uma realidade de vida e de trabalho. Meus senhores, este tribunal não é melhor nem pior do que cada um dos senhores aí sentados no lugar do júri. Um tribunal é tão são como o seu júri e um júri é tão são como os homens que o constituem. Tenho plena confiança que os senhores irão rever as provas apresentadas sem paixão, tomar uma decisão e devolver este arguido à sua família. Em nome de Deus, façam o vosso dever"
 Esse é mais um livro que indico. Espero que tenham gostado da resenha. Abraços e até mais!
Giovana de Carvalho Florencio


sábado, 14 de maio de 2016

What has gone wrong in Brazil? O que deu errado no Brasil?

Uma das coisas que mais prezo é cautela e reflexão, principalmente quando estamos frente a uma situação que nos apresenta discrepantes pontos de vista. E nesse caso, situações que nos deixam confusos. É por isso que sempre devemos parar, pesquisar e ler antes de falar qualquer coisa. Quando li essa matéria da BBC, fiquei bastante satisfeita com a perspectiva que eles apresentaram, mesmo que triste, é real. E é exatamente isso que tem sido passado para o exterior.
Segue a matéria traduzida:
"Dilma Rousseff está suspensa da presidência e encara um impeachment sob acusação de manipulação ilegal das contas do governo
A woman holds a sign that that reads in Portuguese; "Bye Dilma" next to a man holding a puppet in the likeness of Brazil's former President Luiz Inacio Lula da Silva, designed wearing a prison uniform, during a protest outside the hotel where Silva is attending the seminar, "Democracy and Social Justice", in Sao Paulo, Brazil, Monday, April 25, 2016.Ela nega as acusações, dizendo que elas são uma prática comum no Brasil, e acusa seus oponentes de complô. Senhora Rousseff será suspensa por 180 dias, enquanto o julgamento dura. O vice-presidente Michel Temer tomara o posto como presidente interino.
Aqui nós tomamos uma visão de perto dos problemas do Brasil e o que deu errado desde que Dilma foi eleita para o segundo mandato em Outubro de 2014.
O índice de aprovação do seu governo despencou desde que ela ganhou por pouco as eleições de 2014. De acordo com o Datafolha, informado em 11 de Abril, 63% dos avaliados ao redor do país disseram que o governo estava "ruim ou péssimo", apenas 13% disseram que ele estava "bom ou excelente".

Especialistas dizem que isso reflete a desilusão dos eleitores com a recessão e escândalo de corrupção envolvendo a Petrobras. A investigação do escândalo de corrupção, Operação Lava Jato, tem implicado em importantes figuras do partido de Rousseff, mas também em alguns dos seus oponentes.
Um procurador geral do Brasil tem requerido que a Suprema Corte abra uma investigação alegando o envolvimento do ex-presidente Lula no escândalo. Lula não é só o antecessor de Dilma, mas também seu mentor e político aliado. Acusações contra ele refletiriam negativamente em Rousseff.
Os votos na Câmara, em 17 de Abril, a favor do impeachment foi um sério abalo para a Presidente. De 513 deputados, 367 votaram a favor, excedendo confortavelmente a margem de dois terços que era preciso e sendo enviado ao Senado. 
Os senadores votaram no dia 12 de Maio para abrir o impeachment com 55 a favor e 22 contra. E assim, a Presidente foi suspensa.
Economia em depressão
A economia brasileira atravessa a pior recessão em três décadas, sendo acompanhada com a queda no preço das “commodities” brasileiras de petróleo, minério de ferro e soja. 
Em 2015, a economia retraiu em torno de 3,8%, o pior desempenho anual desde 1981. A inflação alcançou 10,7% no fim do ano. E o desemprego atingiu o índice de 9%. E economistas preveem que isso irá piorar nos próximos meses.
A moeda brasileira, que perdeu um terço do seu valor em relação ao dólar em 2015, tem sido outro fator para os adversários acrescentarem as derrotas de Dilma. Eles a criticam pelas intervenções políticas e acreditam que Michel Temer irá manter uma relação mais amigável com os parceiros econômicos.
Um país dividido
A crise política aprofundou antigas rivalidades políticas. Favoráveis ao Partido dos Trabalhadores apontam as melhoras administrativas que Dilma e Lula trouxeram, como a retirada de milhões de pessoas da pobreza e redução da desigualdade.
Brazil's President Dilma Rousseff pauses during a ceremony launching an agricultural plan that allocates billions of dollars to farmers at Planalto presidential palace in Brasilia, Brazil, Wednesday, May 4, 2016Eles dizem que os que alegam contra o governo são uma campanha designada a retirar Dilma e evitar que Lula suba a presidência em 2018. E dizem que a massa de investigados de corrupção são um sinal que abaixo do governo Dilma, os crimes estão sendo punidos mais do que escondidos embaixo do tapete como em antigas administrações.
O fato é que um alto número de membros do Partido dos Trabalhadores estão convictos, eles discutem, para provar que não existiu impunidade.
Opositores a presidente acusam ela de gerir mal a economia e dizem que seu governo esconde corrupção, que tem sido alimentada pelo Partido dos Trabalhadores. Depois de 13 anos do PT no poder, exigem uma limpa."

Gostei que a BBC tenha trago os dois pontos de vista a tona. Mas concluo com minha opinião em simples palavras, não há santos nesta história. O povo tenta manifestar depois de 20 anos sentados em frente a TV. Alguns discutem inutilmente em redes sociais, outros fazem briguinhas com seus amigos. Enquanto isso a velha guerra de poder continua, um quer mais do que o outro. Que a administração da nossa presidente deixou muito a desejar é um fato claro. Mas seria ela um crime para gerar um impeachment? Temer fará seu trabalho melhor? O exterior tem nos visto como uma bagunça? Ficam questões a se refletir.

Segue o endereço da matéria original:
http://www.bbc.com/news/world-latin-america-35810578