segunda-feira, 30 de abril de 2018

Pequenas Corrupções

Não era a primeira vez que fazia aquilo. Mesmo assim suas mãos ainda suavam e o coração palpitava. Quem nunca copiou um trabalho ou colou na prova? Era essa a desculpa de Marcela para esses pequenos atos “Clandestinos’. Já que todo mundo faz não tem problema.
Era hora do almoço e tudo que ela mais queria era chegar em casa. Não via a hora de sentar quando entrou no ônibus e avistou uma única poltrona vazia. Sentou e aproveitou para refletir sobre o seu dia, Beatriz não podia descobrir da cola. Às vezes era irritante ter uma amiga tão inteligente, mas tão chata.
“Tantas pessoas se fingindo de honestas, só porque são chatas” Suspirou Marcela.”Eu sou honesta, e nem por isso sou moralista!” Mal terminava de sussurrar quando avistou uma senhora de bengala entrar no ônibus. A menina não só fingiu dormir, como também ignorou o fato de sua poltrona ser reservada a idosos. Isso não era importante, ela era adolescente, não envelheceria tão cedo.
Já em casa, despencou no sofá e ligou a televisão. Tudo que ela queria era descansar. No jornal comentava sobre a descoberta de um novo esquema de corrupção do governo. O problema do Brasil é a corrupção, Marcela sabia disso; Irada com as coisas que viu se levantou para discursar:
- Tudo por culpa desse maldito jeitinho brasileiro. Enquanto a corrupção continuar no nosso país, não chegaremos a lugar algum. Todos precisam se conscientizar disso, para tornar o mundo um lugar mais justo.
Depois disso cai no sofá, estava se sentindo mal. Ela era igual aos políticos corruptos! Correu tremendo em direção ao telefone, precisava falar com Beatriz e consertar uns erros...




quinta-feira, 12 de abril de 2018

Vida para Consumo X O Livro do Bem

Nos últimos dias, em especial, tenho sentido que tudo parece fluído e ao mesmo tempo como um redemoinho em que somos fulminados pelo eterno retorno. Mas deixando de lado minhas análises filosóficas, passo aos fatos, recheados de sociologia e muito otimismo, pois ainda me resta um resquício de esperança. Ser poetisa afinal é carregar água na peneira, Manoel de Barros sabia do que falava. Venho então nesse dia, para lhes recomendar duas leituras bem diversas, mas importantíssimas para refletirmos.


Vida Para Consumo
Sinopse: Um dos mais perspicazes pensadores da atualidade, Bauman nos revela a verdade oculta, um dos segredos mais dissimulados da sociedade contemporânea: a sutil e gradativa transformação dos consumidores em mercadorias. As pessoas precisam se submeter a constantes remodelamentos para que, ao contrário de roupas e produtos que rapidamente saem de moda, não fiquem obsoletas.
Bauman examina ainda o impacto da conduta consumista em diversos aspectos da vida social: política, democracia, comunidades, parcerias, construção de identidade, produção e uso de conhecimento. E dá especial atenção ao mundo virtual: redes de relacionamento, como Orkut e MySpace, não refletem a idéia do homem como produto?
Autor: Zygmunt BaumanAno: 2008
Páginas: 200
Editora: Zahar

Opinião: Ler "Vida para Consumo" fez com que minha mente se expandisse em um nível que não consigo explicar. Ao começar a ler essa obra, você vai finalmente entender o que é o mundo líquido, e os seres humanos como mero objeto de interesse. Bauman mostra como nossas relações modernas são baseadas no momento e no que podemos lucrar com elas.

As pessoas já não amam genuinamente, se interessam por aparência, pelo que o outro pode lhe dar algo em troca, pelo prazer, por poder andar com alguém do seu lado, e outros fatores egoístas. Pelo menos isso é o que o autor afirma. Seus dados mexem conosco e a mercantilização humana tão vívida no mundo ocidental chega a dar naúses.
Talvez entregar um livro desses para uma pessoa metida a filósofa e crítica nata seja pedir para brotarem filosofias e teorias conspiratórias, mas acho que são reflexões bem válidas. O mundo parece descartável, coisas, objetos, momentos e tudo mais. Pessoas mais apegadas são caretas, piegas, fora de moda ou no mínimo estranhas. Mas afinal, o que é mais estranho, se importar ou ser "hiper descolado(a)" e nunca se importar? Fica a reflexão e indicação de leitura.




O Livro do Bem
Sinopse: Este é um livro diferente, porque é sobre alguém muito especial: você. É um espaço para você fazer coisas que vão colocar um sorriso no seu rosto e deixar sua vida mais alegre e feliz. São pequenas e grandes atitudes que vão lembrar você que tudo sempre pode ser melhor e mais divertido se a gente der uma chance, e que cada segundo da vida vale a pena até quando a gente tende a não a acreditar muito.
Este é um livro sobre amor, felicidade e alegria de viver. Mas ele só vai acontecer completamente se você topar embarcar nessa loucura fazendo-o seu de verdade. Cada minuto que você dedicar a estas páginas farão com que este livro se torne mais completo e mais seu. Então vem! E fica aqui um convite: fotografe e publique tudo o que você fizer no seu Livro do Bem nas redes sociais com tag #livrodobem. Porque o que é do BEM merece ser compartilhado!
Ano: 2014 
Páginas: 224
Editora: Gutenberg'


Opinião: Em contrapartida, o oposto de um livro ácido é um livro otimista, e diga-se de passagem que "O Livro do bem, Coisas para você fazer e deixar seu dia mais feliz" é essencial. Quantos dias estive triste ou amedrontada e abri essas páginas para ler algo bom ou escrever o quê sentia. Isso mesmo, esse livro é dinâmico, em que você é quem realizada as atividades.
Quando comprei, achei que poderia enjoar, fazer rápido como um desafio ou achar chato e nunca terminar. Porém, jamais diria que ele se tornaria meu substituto para o diário e registro de meus sentimentos. Quem diria, não é mesmo?
As autoras possuem uma página chamada "Indiretas do bem" na qual escrevem frases positivas para mandar aquela indireta para as pessoas. Pense bem, coisas para criticar temos um monte, e para elogiar também, às vezes você adora o jeito que certa pessoa mexe no cabelo e nunca falou porque acha que seria estranho. EI! Pare! Seja mais simpático, seja mais você, seja alegre, seja triste, só não seja cadeado de si mesmo!

domingo, 18 de março de 2018

Panter Negra

Data de lançamento 15 de fevereiro de 2018 (2h 15min)
Direção:
Gêneros Ação, Aventura, Ficção científica, Fantasia
Nacionalidade: EUAPantera Negra : Poster

Sinopse:
Após a morte do rei T'Chaka (John Kani), o príncipe T'Challa (Chadwick Boseman) retorna a Wakanda para a cerimônia de coroação. Nela são reunidas as cinco tribos que compõem o reino, sendo que uma delas, os Jabari, não apoia o atual governo. T'Challa logo recebe o apoio de Okoye (Danai Gurira), a chefe da guarda de Wakanda, da irmã Shuri (Laetitia Wright), que coordena a área tecnológica do reino, e também de Nakia (Lupita Nyong'o), a grande paixão do atual Pantera Negra, que não quer se tornar rainha. Juntos, eles estão à procura de Ulysses Klaue (Andy Serkis), que roubou de Wakanda um punhado de vibranium, alguns anos atrás.


Opinião:Desde o lançamento de PANTERA NEGRA que estou observando os comentários das pessoas, e ficando a cada dia mais instigada a assistir o filme. No entanto, a falta de tempo me levou a postergar até o dia de ontem, quando então entendi todo o rebuliço. O filme não era apenas mais um filme brilhante de ação e super heróis da MARVEL. O longa é um condensado de reflexões sociais, ações, críticas, cultura e representatividade.Logo nas primeiras cenas vemos a explicação mítica para o surgimento de Wakanda, país super desenvolvido no meio da África, mas que escolheu viver escondido para proteger seu precioso vibranium. Porém, para isso, foi necessário deixar de ajudar todos os países ao seu redor. Fato que me incomodou desde o início e será o foco na trama. Trama talvez previsível, com um vilão bem construído apesar de simples, no entanto, em que tudo se entrelaça bem como uma rede bem costurada.Dos personagens ressalto aqui as três mulheres que considero centrais na trama: Okoye, chefe guerreira do povo, extremamente forte e centrada; Nakia, representada por Lupita - linda como sempre, aparece como a amada de  T'Challa e lutando em defesa dos povos necessitados; e Shuri, a garota prodígio que controla toda central tecnológica do país. O mais belo do longa é poder ver o total empoderamento feminino, posto como algo natural. Ainda, não há submissão de uns ou de outros, apenas equilíbrio, razão e emoção.Quanto a trilha sonora, figurino e design (fotografia), os produtores buscaram equilibrar a modernidade que Wakanda teria com a cultura tradicional dos povos Africanos, seja pelas vestes coloridas, pinturas faciais, rituais de guerrilha, cenário e música com rufos e tambores em geral. Não me julgo apta o suficiente para dizer sobre a qualidade ou profundidade da apresentação, creio apenas que foi significativo para introduzir a cultura ao resto do mundo e desmistificar um pouco as ideias eurocêntricas que ainda dominam o mundo ocidental.
E por fim, traz a tão necessária representatividade negra, discutindo temas como a subjugação dos negros durante séculos, a questão dos refugiados em geral e até mesmo dos países que se fecham sem ajudar os outros. Heróis negros reais como Mandela, Malcom X e Martin Luther King já viveram entre nós há tempos, mas enfim podemos dizer que o espaço do cinema foi aberto. Terminar o filme com o coração apertado e querendo mudar o mundo é o mínimo que se pode esperar. Desse modo, indicar a todos que o assistam é o mínimo que posso fazer.

domingo, 4 de março de 2018

Além do otimismo

Meu Deus, Giovana, como você consegue ser tão otimista? Essa foi a pergunta de um amigo meu quando lhe disse como imaginava meu futuro. Talvez eu estivesse sendo bastante otimista, mas não achei que fosse nada fora do normal. Quer dizer, acreditar em si mesmo não deveria ser tão difícil. Isto é, claro que todos temos nossos momentos de baixos, eu admito que há dias em que me sinto um grande nada...
Porém, voltando a curiosa pergunta do porquê eu seria tão otimista, me lembrei de uma caro personagem: Ted Mosby de How I Met your Mother. Ted é um romântico que espera conhecer sua "the one" com quem seria feliz e formaria sua linda família. Mas como nada vem fácil, Ted passa oito temporadas procurando sua amada e quebrando a cara sucessivas vezes. E sim, ele não desiste, chega perto, mas não de fato. E sabe por quê? Porque Ted acredita não necessariamente em destino, mas no tempo e equilíbrio. Acredita no amor. As coisas na vida vão acontecendo gradualmente e há cientificamente falando uma relação de causa e efeito. Então se quiser muito uma coisa e fizer por merecer, é claro que cedo ou tarde a terá. 
Pois é, pode parecer que realmente eu esteja sendo muito otimista, mas ao meu ver são fatos. O que venho dizer por meio desse simples e objetivo texto é a verdade nua e crua. Tudo se trata de trabalhar duro para atingir suas metas. Oh, talvez, nem tudo no mundo seja por meritocracia mesmo, porém, não será isto que irá me barrar. De fato, o mundo é um caos e tem milhares de coisas horríveis ocorrendo todos os dias que são de partir o coração. No entanto, o que penso, é que se pararmos de lutar pelos nossos sonhos e parar de ter esperança tudo terá sido em vão.
Se pararmos de nos importar com as crianças abandonadas, com os moradores de rua, com a política esfacelada, com a guerra na Síria, com o trabalho escravo, com o maltrato aos animais, com o que escolhemos ser para impactar o mundo, e conosco!, tudo estará perdido. Quando não houver nenhum folego de vida nem faísca de esperança, o fogo se apagará por completo e mundo virará um gelo. Não deixe que o mundo perca a humanidade, não perca seus sonhos. Isto vai muito além do otimismo, é sobre lutar e ser humano.
Giovana de Carvalho Florencio

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Viva- A Vida é Uma Festa


Data de lançamento: 4 de janeiro de 2018 
Duração: 1h 45min
Direção: 
Gêneros: Animação, Fantasia
Nacionalidade: EUA

Viva - A Vida é uma Festa : PosterSinopse: Miguel é um menino de 12 anos que quer muito ser um músico famoso, mas ele precisa lidar com sua família que desaprova seu sonho. Determinado a virar o jogo, ele acaba desencadeando uma série de eventos ligados a um mistério de 100 anos. A aventura, com inspiração no feriado mexicano do Dia dos Mortos, acaba gerando uma extraordinária reunião familiar.

Opinião: Viva- A Vida é Uma Festa é um filme que consegue capturar tudo que há de melhor no ser humano. Enfrenta o medo da morte e a coloca como normal dentro do contexto cultural do Día de Los Muertos mexicano.  Vai além, coloca a ideia do esquecimento como a mais cruel de todas. Antes de mais reflexões, vamos entender um pouquinho dessa história, tudo bem?

Miguel é um personagem extremamente interessante, crescendo em uma família que odeia música por motivos que ele não se importa - o tararavó largara a mulher para virar músico nas estradas- sonha em ser músico. Desde o começo fica claro seu interesse pelos sons, violões e canto. Não entende o que lhe faz tão diferente da família, porém, acha que realizar o seu sonho é o que mais importa. Pelo menos de acordo com o lema do famoso cantor e ídolo do nosso protagonista: Ernesto de la Cruz.

No famoso Dia dos Mortos, nosso jovem, por motivos peculiares, vai parar no mundo dos mortos e precisa da benção de sua família para sair. No entanto, nem sua tataravó e muito menos seus outros antepassados parecem concordar com seu sonho. O menino tem um tempo limitado para voltar ao mundo dos vivos antes que se torne um "morto". E nessa aventura de aceitação, relação familiar e muita música, Miguel conhecerá Hector - quem se tornará um grande amigo, Frida Kahlo, e acompanhado de seu cão-guia espiritual buscará o único parente que pode lhe abençoar para ser músico: seu tataravó.

Recheado de muitas cores e sons, Viva a Vida é uma festa - é cheio de músicas cativantes e personagens mais ainda. Não tem como sair da sala de cinema sem ser com os olhos cheios d'água. Aqui a vida e morte andam de mãos dadas, mas é o amor que supera tudo, e acredite, de uma forma surpreendente. A Pixar acertou em cheio, e não é por menos que o longa já foi premiado no Globo de Ouro como melhor animação do ano. Enquanto isso, aguardamos ansiosamente pelo Óscar.

Por fim, resta apenas dizer, lembre-se de COCO*, e também "lembre de mim".


"Lembre de mim
Hoje eu tenho que partir
Lembre de mim
Se esforce pra sorrir

Não importa a distância
Nunca vou te esquecer
Cantando a nossa música
O amor só vai crescer
Viva- A vida é uma festa

*Nome da bisavó de Miguel e título original do filme.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

O desenhista: uma reflexão sobre os amores que não vivemos e os que vivemos

"Era outono de 1998, mais uma tarde a observar o cair das folhas das árvores. Ele era mais belo que a beleza poderia ser. Cabelos cor de chocolate e olhos de verde viver, pele embranquecida pelo frio do amanhecer, cabelos cacheados a ornar seu ser. Era a paisagem que eu apreciava em todas as estações do ano, mas naquela em especial se tornava sem igual. Seu sorriso coloria meu dia de modo fascinante, era um infante acanhado, mas ainda meu galante.
De praxe, não posso perder a hora de dizer que ele foi só mais um, mais um dos amores que nunca vivi. Não pense que fico trite por não tê-lo vivido, essa não é bem a questão. O ponto é exatamente aquele de que me referia: era outono e as folhas caiam das árvores . Ou seja, todas estavam prontas para o renascer e eu também.
Detesto despedidas, mágoas, ressentimentos e picuinhas, pra mim é tudo preto no branco, é como sei ser. Não era a o primeiro desamor que vivia nem seria o último, porém, é aqui que me pergunto, o que seríamos sem desamores? Se tudo desse certo logo de cara como pretendemos, será que iríamos amadurecer tanto? Será que não nos tornaríamos apenas crianças mimadas que querem tudo que querem na hora que bem entendem?
Mais interessante ainda é aproveitar essa deixa para dizer que tudo bem: me perdoem amores que nunca vivi. Peço perdão pela insegurança, por todos que deixei de permitir que me conhecessem, perdão pelos pré-julgamentos. Sei que o que foi, foi. Mas nessa mensagem para os amores que nunca vivi, devo dizer que tudo bem nunca termos vivido algo, de verdade. Saber que poderíamos ter vivido já é bom o bastante, quer dizer que ainda estamos vivos. E só a sensação do poder viver já é tudo que preciso.
Naquele ano, naquele outono, ele me encontrou na rua e falou: Você por aqui?
Ri de mim mesma e quase não acreditei quando soltei um Onde sempre estive.
Sempre estive no mesmo lugar, é claro, mas nem sempre fui a mesma, esqueci-me de dizer. Minha língua entrara em pânico e minha mão parecia sofrer de Parkinson. Ele tocou no meu braço gentilmente, e eu senti-o formigar. Era um amor que nunca tinha vivido, mas tudo bem se pudesse errar, tentar e de novo, errar. Porque é isso que fazemos não é mesmo? VIVEMOS.
Garranchos percorrem um papel para deixar o momento encantado, porém, não é preciso, ele já o é. Antes mesmo de eu terminar ele sutilmente falou: Agora está aqui comigo. E decidi deixar o amor que nunca vivi ser amor. Durou o tempo que durou, mas nunca deixou de ser amor.
O desenhista era um dos melhores artista que eu conhecia, Da Vinci estaria inebriado como eu. Estudante de astronomia e ciência. Deitávamos na grama para apreciar o céu. Saturno, Marte e Vênus, todos contemplavam as palavras de amizade e amor. Até plutão que já não é planeta veio observar a união. Palavras sempre foram o melhor de nós. Durou nosso amor enquanto duravam as pesquisas da ciência do amor. Aparentemente, nós não fomos aprovados em nossas hipóteses e nem primeiras teorias validadas como lei. O amor não era uma ciência certa o bastante. Acabou depois de um tempo. Mas no final, foi um bom e feliz amor que vivi."

domingo, 7 de janeiro de 2018

Outros Jeitos de Usar a Boca - Rupi Kaur

Resultado de imagem para outros jeitos de usar a bocaEditora: Planeta
Ano: 2015
Páginas: 204
Idioma: Português 

Sinopse:'outros jeitos de usar a boca' é um livro de poemas sobre a sobrevivência. Sobre a experiência de violência, o abuso, o amor, a perda e a feminilidade. O volume é dividido em quatro partes, e cada uma delas serve a um propósito diferente. Lida com um tipo diferente de dor. Cura uma mágoa diferente. Outros jeitos de usar a boca transporta o leitor por uma jornada pelos momentos mais amargos da vida e encontra uma maneira de tirar delicadeza deles. Publicado inicialmente de forma independente por Rupi Kaur, poeta, artista plástica e performer canadense nascida na Índia – e que também assina as ilustrações presentes neste volume –, o livro se tornou o maior fenômeno do gênero nos últimos anos nos Estados Unidos, com mais de 1 milhão de exemplares vendidos.

Opinião: Certo dia em uma conversa aleatória um caro amigo me recomendou a leitura desse livro, dizendo que eu iria gostar, de fato, ele me conhece bem, gostei muito. E não posso perder a oportunidade de passar a minha opinião para frente. Porque Rupi Kaur conseguiu nessa obra juntar diversos sentimentos que assolam nossas delicadas almas e mais ainda, falar sobre assuntos delicados para nós mulheres e transformar em poesia.
O primeiro capítulo se intitula "a dor" e trata sobre as tristezas que preenchem nossos corações ou de quem amamos. A dor de fazer o que querem de você enquanto se fecha, de abusos que por vezes ocorrem na sociedade, do abandono, da objetificação de nossos corpos e da violência. "A ideia de que somos tão capazes de amar mas escolhemos ser tóxicos." É como se recebêssemos vários tapas na cara por ver em palavras tudo o que vemos, sentimos e não somos capazes de expressar.
O segundo se intitula "o amor", abordando desde o amor materno- o mais genuíno, o amor romântico sexual, o amor próprio e a beleza do amor. Sabe, todas alegrias e decepções são postas com seu devido valor. A paixão se transforma em mel e o êxtase em leite, faço aqui uma referência ao nome do livro em inglês -"Milk and honey". "nada mais seguro que o som de você lendo alto para mim - o encontro perfeito" É sobre toda a doçura e sinceridade que há no amar.
"A ruptura" é o terceiro capítulo, que nos fala sobre maturidade e aprendizados. Para crescer é preciso viver, sofrer, e chorar um pouco se preciso for. Fala sobre entender que nem sempre  o amor será como se espera e que você não deve esperar que outra pessoa além de ti mesma te preencha. Mas acima de tudo, nos ensina a não aceitar migalhas, sobre ser inteira, sobre se aceitar e acima de tudo sobre "ser". "Você não deveria precisar ensina-los a te desejar, eles precisam te desejar por conta própria" E quanto Rupi diz aqui desejar não se restrinja em pensar no sentido físico e amoroso, mas sobre as pessoas ao redor em geral, se não desejam sua presença e sua pessoa, não force, quem te ama, te ama e ponto. Não mendigue afeto.
E por fim, "a cura". "não se de o trabalho de agarrar aquilo que não te quer - você não pode obrigar ninguém a ficar" Uma das primeiras poesias desse capítulo é exatamente sobre a liberdade de amar. Trata-se aqui de se amar em primeiro lugar, para assim amar ao próximo com o máximo de leveza que conseguir. Não se preocupe se em algum ponto da jornada se sentir só, isso é sinal de que precisa desesperadamente de si mesma, é a mensagem da autora. Somos seres completos sozinhos e enquanto não nos encontramos, ficamos vagando por entre efemeridades, amores ilusórios e vazios sem fim.  Se aceitar e se encontrar ao natural é o discurso que pode ser chamado de feminista aqui, mas do que isso, é um grito de anos de não aceitação." Aceite-se como você foi projetada". E assim, para falar sobre escrever e amar é que se usa a boca.